Tiram-se-lhes os pés e lavam-se as beldroegas. Põem-se os queijos a dar sal à sopa, arde o incenso. Crianças na cozinha, brincam no quarto, esconderijos e bailado. Espalha-se o gelo, no chão, na caipirinha, quebra-se no conhecimento, na geografia, na genealogia, põem-se os pratos, lavam-se os talheres, arrumam-se as mulheres para o jantar e o gelado para a sobremesa. Trocam-se olhares, soltam-se lágrimas, entorna-se o molho e o frango, espalham-se gargalhadas, guardam-se os ecos, põe-se lixívia, noite mais branca, prolongada, entre um cigarro e uma conversa. Tarde de praia, pés no mar, maré alta, mais azul, voz em fuga e um miar. Talham-se despedidas, marcam-se encontros, maquilha-se a cara, maquilha-se a vida, esbate-se o tempo, é já hora da partida.