terça-feira, agosto 31, 2004

duas possíveis legendas

Passa para mim essa tristeza do tempo que já foi e não olhes com água nos olhos esse dia que não volta que o amanhã está aí, já à espreita.

Passa para mim a dor e também a revolta do dinheiro que falta e nunca sobeja para o presente do marido por mais desmerecido que seja.

Passa, passa em frente desse ontem magoado, agarra o tempo que resta, põe um sorriso na cara que a vida é mesmo esta, esta que está aí e que tantas vezes não presta.

Ou, citando Micaela:

"Quando eu quiz ser mulher para ti, tu me disseste que era muito cedo, agora queres e eu digo assim: chupa, chupa, chupa, chupa no dedo".

onde já se fez farinha

Como em tudo na vida - pensava com os seus botões a precisarem de reforço - há um tempo, uma história aparentemente eterna de que só nos apercebemos da sua fragilidade quando nos defrontamos com o seu fim.
Sentado no chão lembrava já sem mágoa o seu caminho. Esta é a vantagem dos anos, colocarem-nos como espectadores na tela do nosso passado, com a emoção controlada de quem já só assiste e revive. Já não havia Dulcineia que quisesse ser por si salva nem Sancho, por mais Pança que fosse, que fizesse seu o seu caminho. E com que bravura inocente e acreditada fizera frente às suas batalhas e inculcara nos outros os seus ideais. Ria-se agora desta inflamação juvenil. Pudessem vê-lo aqui sentado como quem já interiorizou a desfaçatez escusada das antigas pelejas. E com que propósito afinal? Servem-nos temporariamente os propósitos que nos fazem viver, intensa, apaixonadamente, como injecções de adrenalina que nos inebriam pelos instantes suficientes para cumprir o trajecto. Voltaria então atrás? Para o regresso ao passado perderia esta consciência sóbria e sábia da relatividade ridícula dos acontecimentos. Que mais-valia era esta que lhe apagava a emoção? Que o colocava ali a olhar o moínho de forma distante...
Ao longe avistou Dulcineia com o mesmo vestido branco, sombreado pelas pás do moínho que já não bailavam ao vento. Fechou os olhos e deixou-a partir. Como traz sofrimento a emoção - recordou - como quem aceita resignado que não se volta jamais onde já se fez farinha.

segunda-feira, agosto 30, 2004

naturalmente

"O macho de cor azul, segura firmemente a fêmea pelo pescoço, enquanto deposita o esperma que irá fertilizar toda uma nova geração de libélulas..." , enquanto eu olhava fixamente esta união esperando pressentir o êxtase final e talvez mesmo traçar a fronteira entre o instinto reprodutor e o prazer da sexualidade, ouço uma vozinha sumida e esganiçada:
-baza mirone!

no balouço

Palco de sonhos de criança,
asas no balanço do seu corpo, toca nuvens com as sandálias cor de rosa.
Princesa da trancinha "teréré", salpica de graça o caminho que traça na terra e no céu
e como tem mais graça esta vida quando ela assim a traça.
Esqueço a mão que lhe dá o impulso e fico a vê-la balouçar "aqui, acolá, aqui, acolá"
num suave chiar de balouço.
Manda Alteza princesinha que a torne a empurrar mais forte, mais ao alto que lhe dê força de voar.

domingo, agosto 29, 2004

parabéns


Creio que esta é uma muito boa maneira de reiniciar a actividade bloguística:
Dar os parabéns ao miúdo mais giro da blogosfera.


domingo, agosto 01, 2004

férias





Volto em Setembro




Ao sol a solidão é igual
mas a atitude é diferente




Voltem comigo, por favor...