sexta-feira, março 20, 2015

life is life

Gostaria de vos explicar como vejo a vida. Desconcerto pela simplicidade a quem acha que isto é um assunto sério. Sérias só são as dores e as mágoas. As rasgadelas e também os arranhões. Ao demais a vida é uma sucessão de momentos. Mais ou menos inesquecíveis, mais ou menos memoráveis, mais ou menos repetidos. Depende dos risos. Depende do sol. Se depender de mim depende de coisas tão simples quanto ter alguém ao meu lado que me queira fazer feliz. Que eu queira fazer feliz. Depende de um gin tónico e de um banho de mar. Ou até de um qualquer farrusco que ronrone e se enrosque no meu colo. De uma fuga à norma. À etiqueta. Depende da surpresa. Depende de mim.

segunda-feira, março 16, 2015

tocam os sinos

No início houve um sino que alertou a minha mãe para a necessidade do meu nascimento. Esse som metálico que ainda ecoa à força de braço em algumas, muito poucas, terras muito pequenas. Nas outras é tudo automático e por isso o som parece perder genuinidade. Fui, literalmente, salva pelo gongo. Ou liturgicamente pela santa padroeira do local. Acredito mais na comunicação inaudível entre o meu projecto e a minha arquitecta. Agradeço o acto, o acaso, o percalço que me trouxe aqui. Tocaram os sinos e eu nasci.

sexta-feira, março 13, 2015

sem tempo

Depois do tempo decorrer. Depois dos sinais recolhidos. Após os esgares e os frémitos. Após o que sempre ocorre quando o tempo decorre. Somos ainda nós. Seremos sempre nós. Os mesmos. Os das conversas havidas e das certezas pueris. Dizem-me que o tempo não existe. É uma teoria. Uma percepção. Uma corda. E o que agarra? O que amarra? Quem mora no contrapeso do outro lado deste nó?