quarta-feira, março 30, 2011

nem tudo como antes

Aqui pelo estaminé onde presto serviço, resolveram misteriosamente devolver-nos o acesso aos blogs e ao youtube mas, em troca, nada de sites de jogos. Snif, snif... Desconheço se se trata de uma moda rotativa, ao estilo agora podes amanhã já não, uma estranha compensação pelos cortes nos vencimentos ou apenas uma temporária distracção. Infelizmente não consigo comentar ou devolver respostas aos comentários e, por isso, nem tudo está como antes. Fiquei sinceramente comovida com a minha primeira (e única) visita por parte do a-bordo (uau! ainda sei fazer linques!) e, impotente para devolver a cortesia pelos meios tradicionais, aqui fica o meu obrigado em forma de post. Se mais alguém aqui voltar, por favor não se sinta melindrado com o meu silêncio. É um silêncio imposto pela ordem monástica que diariamente me rapta para prestação de trabalho escravo e ao qual ninguém me perguntou se queria aderir. Ao cabo e ao resto, e após o crime confesso de só postar em tempo de serviço, poderia acrescentar algumas poucas palavras sobre o que penso desta política informática castradora mas devo evitar emocionar-me em demasia. Sem acesso aos jogos de point and click (os meus favoritos), sinto-me como os mercados mas, infelizmente, só estes preocupam toda a gente quando andam desmotivados.
Queiram avisar-me, suplico-vos, caso seja lançado um novo submachine ou daymare town...

terça-feira, março 29, 2011

compondo

Calço as luvas de pelica para manipular, novamente, as palavras. Evito impressões digitais. Marcas indesmentíveis que me identifiquem por entre a multidão. Que pretensão ousar qualquer unicidade na minha escrita! Se os músicos perseguem uma marca inconfundível, misturando cordas, sopros, teclas, precursão e voz, que reduzido é, por comparação, este léxico de que disponho. Jamais as reticências soarão como um violino, no momento preciso em que a última nota morre já no parto do silêncio. Quando a doçura do som e a paz da sua ausência, se reúnem no derradeiro acorde. Se há poemas que são sinfonias ou, ao menos, breves nocturnos, quisera eu alcançar tão divina sublimação. Misturar letras, pontos e ditongos, e na mais íntima leitura, poder fazer chegar uma melodia. No inesperado ribombar de um til, trazer a chuva numa sucessão de sibilantes, e deixar que o desmaio num regato se fizesse entre is e às de fresco espanto.