compromissos
Tcham, tcham, tchaaammm! 2005 está à porta. Dias inteiros, fresquinhos, novinhos em folha para colorirmos como quisermos. Para 2005 fiz uma série de compromissos pessoais: andar mais tempo ao sol, presentear-me com mais regularidade, imprimir mais qualidade ao tempo que passo com a minha filha, brincar mais com os meus gatos, dar menos importância às dicas do meu coração e ainda menos às dicas dos outros, ver-me livre do meu "lixo" emocional e curtir mais ainda o tempo que passo com os meus amigos, fazer amor desenfreado e enfim, retirar desta vida o que de facto vale a pena.
Se quiserem, estejam à vontade para retirar ideias para os vossos próprios compromissos pessoais. Um ano novo esplendoroso para todos os que amo!
Dá-me tempo. Dá as cartas. Joguemos um
A todos, com algumas pequeníssimas e miseráveis excepções, os meus votos mais sinceros de um
Trazia os pés molhados da chuva que com a terra se fizera em lama. Amassara-a com os passos até a fundir com as botas esboroadas e com as meias turcas. Andara até a terra secar e o cansaço doer no corpo. Então chegou ao
Já por diversas vezes aqui apelei às vantagens de ter um gato. Nunca ilustrei as minhas opiniões com aqueles dísticos idiotas que se vêm pendurados pelas portas de cafés e supermercados em que os cães falam: "nós ficamos cá fora". Não, contrariamente a muitos blogs em que as imagens são utilizadas como arma de choque e "teaser" de apelo à leitura aqui, no
Não consigo ouvir as palavras da razão dos outros. Porque essa não é a minha razão. Irrazoável que seja, a minha, tão cheia das vozes do coração, grita mais alto, mais forte e essa é ainda a minha razão. Não ouço a tua, nem as tuas palavras. Tão coincidentes com a razão dos outros. Ouço os teus olhos, o calor do teu corpo, tão recente ainda na penumbra da minha memória, que me grita como o meu coração e é desses gritos que faço a minha razão. E que me importa não ter razão alguma. Que me importa a minha irrazoabilidade, se consigo encontrar um sentido no teu silêncio mais forte que no das tuas palavras. Que me importam os juízos, as receitas, as razões, as teorias de felicidade, se só consigo encontrar alegria nesta minha razão, nesta minha vontade. Não, não vou ouvir a razão dos outros. Porque essa não é a minha razão. Não, não ouço as tuas palavras quando creio ouvir o teu coração dizer-me, como os meus gritos, que sou eu, só eu que tenho a razão. E até que emudeçam os gritos, que se calem essas vontades, que se te apaguem nos olhos estas minhas e tuas verdades, não venhas tu nem os outros falar-me de razoabilidades.
Sete vidas é muita ou pouca vida para viver. Muita noite para dormir enroscado, muita manhã para acordar ensonado e beber o café com leite e passear agarrado a quem bem se quiser. Sete vidas é pouco tempo para perder com mágoas, ressentimentos, para carpir melancolias, para sofrer. Sete vidas cheias de momentos exactos para corrigir o trajecto e acreditar e fazer mais e diferente. Para pular com a ninhada, empurrar o balouço e rolar no chão. Pouco tempo para dar ouvidos a quem não nos quer ouvir, pouco tempo para amar quem não nos amar em troca, muito pouco tempo para chorar quem quiz partir. Sete vidas de gato para cair e magoar, para lamber as feridas e vê-las sarar e sair à rua num dia de sol, arqueando o corpo e vendo ressuscitar a vontade de viver. Olhar no espelho ver as rugas e as brancas e sorrir que isto do tempo é sempre tão relativo, é sempre tempo de levantar e seguir.
Só se apercebeu do seu logro quando já tinha os pés molhados. Já não foi a tempo de retirar as peúgas mas ainda pode arregaçar as calças. Não faz mal - pensou - felizmente sei nadar.
Saber amar os felinos é ser mais completo, mais independente. É mais fácil amar um cão, submisso, subserviente, que admite ordens, dono e coleira e que ama incondicionalmente mau grado os maus tratos e o carinho insuficiente. O gato não! O gato não tem dono, tem família, amigos, olha-nos como igual, é exigente! O gato tem orgulho e altivez, tem sempre raça e para lhe achar graça é preciso saber amar assim... E quanta gente ainda foge desta relação? Quanta gente anda por aí enganada por só querer ser amada como só ama o cão? Quantos julgamos convencidos os que só são irreverentes? Os que teimam em ser dos outros diferentes, que não querem esmola, nem piedade, os que lutam pelo direito de serem como são? Saber amar um gato é não ter medo de ouvir "não"! É aceitar ombrear em vez de mandar, subjugar, controlar, é querer verdade e não escravatura, quem nos confronta, enfrenta, interroga com lealdade. Saber amar um gato é amar a liberdade!

