ao jantar
Arroz de ervilhas em refogado de cebola e alho. Um toque de goma na correria malandra pelo prato. Tocam-se os garfos, cruzam-se as facas e os propósitos. Enrolam-se os guardanapos e entrelaçam-se os silêncios. Sabes de tudo e eu sei de ti. Brindamos sem palavras à nossa saúde, ao nosso amor. Em como sou feliz desde o dia em que deitaste na minha cama e sem projectos construímos de momentos o nosso enlace. Pensámos nos filhos, na minha, nos teus, todos nossos, conquista arrojada de uma união singular, de uma simplicidade despojada de medos. Verdades acessíveis a quem ousa acreditar. Tu levantas a mesa, eu ponho os pratos na máquina de lavar. Sem escala de tarefas, sombra da minha sombra, luz da minha luz. Braços fortes, peito robusto, olhos meigos, constante da minha equação.
- Gostaste do jantar? - perguntei.
- Estava muito bom - disseste.