tão frágeis
Chegou o tempo da escrita. Vem com a chuva e com o vento forte. As palavras assobiam amor e frio e vestem agasalhos. É vê-las passar de sombrinha e cachecol. Lembram bonecos de pelúcia rechonchudos ou almofadas de penas. São coisas pequenas e frágeis feitas para o carinho de quem as ama. Como eu amo as palavras! Gosto do seu som e divirto-me a juntá-las. Embalam-me o sono e o dia, vestem-me os ouvidos com a sua suavidade. Contemplo-as em frases que ressaltam nas vidraças. Largando mensagens e provocações, numa sensualidade que transcende quem as usa. Passo horas silenciosas a vê-las crescer e ganhar contornos. Um dia hei-de usá-las de uma forma completa. Hão-de sair de mim como sempre quis: interminável torrente de poesia.