de casa às costas
Que estranha esta paz cinzenta que distribuo por mesas redondas de amigos encontros. Ou os caixotes despidos à espera de uma mudança. Quedam-se tranquilos como desconhecendo qualquer agitação. E eu, sabedora do turbilhão que me aguarda, sou como eles, embevecidamente estática, saboreando o virar das horas tranquilas, impregnadas do silêncio que antecede a tempestade. Talvez porque saiba perdoar à vida. Ou porque lhe encontro um oculto sentido. Ou porque tenha crescido nesta ausência de acontecimentos. E como me apazigua estender a mão, perceber da minha imunidade ao ódio e ao desalento. Enquanto sonho com novas janelas. Com o merecido repouso do cansaço que me espera. Neste interlúdio de aceitação, dou-me conta que a minha alma transpira de fé. De como aprendi a olhar o vazio como promessa. Ou a pintar a paz numa caixa de cartão.