entalão
Esqueci-me do dedo na porta, mas ela não se esqueceu do meu dedo. Rejeitou-o das suas finas entranhas, deformado e dorido. Agonizante. Agora que ele me dói, dou-me conta do trabalho mudo, surdo, discreto que normalmente desempenha. Os seus companheiros, receosos de semelhante destino, hesitam penitentes segundos antes de qualquer tarefa. Eu presto-lhes a homenagem devida pela dificultada sincronia e salvaguardo o pobre desvalido de qualquer esforço consciente. Um dia, quando for eu o dedo em falta, assim será, mas tarde, tarde demais.
5 Comments:
e é assim
assim
que até a dor
se torna beleza
quando as palavras.
..
só tu, Amiga, só mesmo tu, rss!!!
um abraço saudoso.
Tinha saudades de te ler!
Li mais de 30 de uma só vez!
Bom, muito bom...
beijinhos!
O texto chega a transmitir a dor.
Beijinhos
os doridos têm o condão de fazer sempre questão de que os outros também não
percebes-te minha amiga?
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