ao pôr do dia
Não faço sequer a diferença. A estrada, que em socalcos desvia num beco, não traz surpresas. Abandonei as mãos ao vento e a sombra, à sombra maior das arcadas. Os bolsos virei-os de banda, ao avesso, para que não percam tempo a pedir-me o que não tenho. Enfiei o rosto abaixo da linha cómoda dos ombros como se houvesse algo a temer - mas nada! - nem sequer os incómodos de uma estrada que termina abruptamente. Quando fixar a parede suja, altiva, viro-me conformada para trás. Não se hão-de ver tijolos vermelhos e velhos nos meus olhos. Talvez o pó na ganga coçada pelo uso de anos ou os rasgões propositados nos meus sentimentos. Escolhemos estas coisas. Eu?, eu não faço sequer a diferença de deixar esbater o meu corpo na poeira do caminho. E as mãos com as palmas amplas e abertas a arranhar os interstícios de uma parede de tijolo. E agora já não sei o caminho de regresso pela estrada das arcadas sem luz...
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