terça-feira, setembro 11, 2007

a alquimia das palavras

Alquimia Verbal é o processo de transformação das palavras rudes em doces vocábulos. E eu, aprendiz desta doce alquimia, surpreendo-me com o sucesso dos meus esforços. Ainda não chego aos calcanhares de um vulgar protestante talvez por não entender o praguejar como ofensa divina e assim não recear o juízo final de um Deus politicamente correcto. Na verdade, o gajo mais bem formado que já conheci, alternava em catadupa cabeludos palavrões entre meias palavras e isto, erradamente suponho, sempre me fez conceber uma imagem divina mais brejeira. Um Deus de quartel. Um Deus que, entre duas fortes palmadas nas costas, nos diga numa gargalhada:
- Lá te safaste de ires bater com os costados no inferno meu ganda cabrão. Provaste que és um gajo porreiro e por isso não vais assar os tomates na fogueira do cornudo.
Sempre admirei esta torrente espontânea de palavras. Pratiquei-a sobejamente com resultados quase brilhantes - digo-o sem modéstia.
Contingências da vida lograram no entanto colocar-me no tortuoso caminho dos eufemismos. E, qual elefante em loja de cristais, dou por mim a ensaiar os passos da diplomacia linguística. Agora, uma quase Morgana do abecedário, ouço-me dizer: Entendo as tuas dificuldades e agradeço a ajuda que possas dar. Quando na verdade estalava no meu peito: Ó forreta dum caralho mete os dez euros no cu!
Olho-me ao espelho e nos meus olhos ainda chispam impropérios mas na minha boca senhores... são rosas, meu Deus, são rosas!

12 Comments:

Blogger Alcabrozes said...

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12:03 da tarde  
Blogger nana said...

:-DDDDDDDDDD


adorei.


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(é que os palavrões assim usados, para além de nos aliviarem como nada mais, como dizê-lo... fazem-me rir. :oP got a long way to go, i do....)

12:33 da tarde  
Blogger Hipatia said...

Uma gaja do norte não usa eufemismos, ora!

(tirando o cabrão do dia de trabalho que me obriga a uma puta de uma mordaça das 9h às 5h)

1:50 da tarde  
Blogger Asulado said...

Ah, foda-se, caralho!

2:27 da tarde  
Blogger Unknown said...

Este comentário foi removido pelo autor.

11:40 da tarde  
Blogger Unknown said...

No tempo em que os custos da insularidade pesavam como chumbo na placa encefálica da minha economia orgânica, apercebi-me, quando lúcido, que a comunicação era uma interposição semiótica, veiculada pela renovada captação do sentido ontogénico, crepitando incestuosos morfemas entre a virtuosidade e a libação. O paralogismo intrincado que o ossudo misantropo revela, no desentendimento elementar dos meandros sistémicos que conluem na superação genésica da alteridade da fecundação, indica, indelével, a medíocre adaptação tímbrica ao formato secular da responsabilidade de prógono e do seu empenho pragmático. Nesse sentido, apraz-me reconhecer, embutido nos parâmetros formais de uma hermenêutica sui generis e abrigado de eventuais epifanias epistemológicas de gradação neokantiana que se manifestam em eventos de precaridade moral e sob o acordo de éticas racionais comedidas, com toda a frontalidade que a situação exige, que o impropério mais semanticamente invulnerável poderia ser: foda-se!

11:43 da tarde  
Blogger Bastet said...

Sopesadas as tuas palavras, meu caríssimo Lino Centelha, diria que o impropério proposto, apesar da sua inegável adequação, poderia ser interpretado como uma indignada surpresa. Ora, os custos, que não os da insularidade, mas os da gnoseologia ontogénica do misantropo referido, tornariam o meu mudo impropério direccionado além de mais contundente, despido de qualquer factor de crença ou fé numa eventual alteração das circunstâncias que, a dar-se, seria uma apocalíptica revelação do fim dos tempos. Pugnando, pois, pela alquimia dos morfemas, permito à viperina ironia embuçada, deflagrar na confusão das alquebradas sinópticas sinapses cerebrais do dito. Se me faço entender...

11:55 da manhã  
Blogger Unknown said...

Ah! Mas perfeitamente, cara Bastet. Não há nada como uma explicação simples e clara para abrir os enviesados caminhos do entendimento, tal como a nódoas a dissolverem-se num detergente cientificamente testado. Ainda assim, no meu rudimentar entendimento, substituiria nos tempos que correm a alquimia pela química ou, para não ferir susceptibilidades, pela nanotecnologia.

5:03 da tarde  
Blogger Bastet said...

Caríssimo Lino, se já com a velhinha alquimia eu me vejo grega fará com a moderna nanotecnologia... é que nestas situações eu não sou dona de rudimentar entendimento mas sim de rude vocabulário. Deixa-me lá treinar mais este processo alquímico que depois eu lanço-me aos detalhes das modernas ciências, espero eu que antes de me tornar uma bi-polar assumida...

5:32 da tarde  
Blogger Unknown said...

O meu amigo Jakim, definiu 'mãmótecnulujia' na jakimpédia. Não sei de ajuda...

10:00 da manhã  
Blogger Bastet said...

Abençoado Jakim :) Finalmente percebi o que é verdadeiramente a nanotecnologia, de uma forma muito popular resume-se ao velho ditado do grão a grão... e, sim, aqui falamos mesmo de grãos muito mais, espero eu (!), que de galinhas!

10:37 da manhã  
Blogger th said...

Perem lá, vou procurar a porra dum dicionário!

8:09 da tarde  

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