especial

Especial é aquele que no meio do céu em que nascem armazéns se detém no laranja do sol que pela tarde morre. O que na borbulha vê um sinal. O que num gesto destemido confessa a despropósito o seu amor. O que tece o dia novo de alegria e de alegria, que dá o ombro, o colo e acalenta o cansaço. O que carrega as compras do carro pela escada e se sente rico sem dinheiro. O que ouve embevecido a mesma história, o que brinca comovido com a mesma madeixa de cabelo, e que repete a mesma lenga lenga de criança acentuando com ternura as vogais. Aquele que vê a beleza do que amadurece no cimento, e um prémio no livro lido em silêncio no sofá. O que a noite sempre encontra a dormir na minha cama.