sexta-feira, fevereiro 02, 2007

do princípio da igualdade

No ano de 2007 compraz-me estar finda a luta pelos direitos das mulheres. Como defensora que sempre me arroguei ser dos mais fracos e desprotegidos, tomarei agora assento no lado masculino da barricada. Confrange-me pensar na impotência do pai que queira ver vingar o seu filho contra a vontade totalitária da mãe que pretenda abortar. Ao que eu cheguei!

15 Comments:

Blogger Erecteu said...

Vejo na boca de uma mulher aquilo que, há muito, me vai no pensamento e com o qual já me confrontei, tendo que me conformar. Espantoso!

2:06 da tarde  
Blogger batista filho said...

Nõ é à toa que te admiro, amiga: és de uma firmeza!

Um beijo.

4:44 da tarde  
Blogger Barão d'Holbster said...

Claro, todos pensamos nessa situação. Mas quantos casos desses acontecerão? Será que, caso o pai queria ter o filho, também a mãe não quererá?
Aliás se as coisas forem bem feitas, o pai nunca saberá que foi pai (tal como muitas mães não sabem que são mães quando o zigoto não nidifica, ou seja, passa pelas paredes do útero e segue o seu caminho, e as mães foram-no por um dia ou dois sem o saberem)

1:34 da manhã  
Blogger Bastet said...

Obrigada Erecteu e Batista :)

Caro Barão: Um caso que aconteça é uma violação de um princípio constitucional. Ao escritório de uma colega dirigiu-se um pai que queria pôr uma queixa crime contra a mãe que abortou o filho. E não me parece que a omissão da verdade seja a boa solução para estes casos meu amigo.

3:12 da tarde  
Blogger . said...

Excepto, claro, quando a omissão da verdade permite que não haja, sequer, caso.
AR

6:08 da tarde  
Blogger Claudia Sousa Dias said...

é o outro lado da questão.

não muito frequente.

É também um buraco na lei que não deve existir caso vingue o sim no referendo de Domingo...

CSD

PS: Com a lei todo o cuidado é pouco porqrque cada caso é um caso e as normas não são flexíveis mas gerais e abstractas.

A justiça ideal seria aquela defendida por Aristóteles que afirmava que esta deveria ser semelhante à régua lésbica (Uma régua maleável utilizada pelos construtores da ilha de Lesbos para medir superfícies curvas)isto é flexível para adaptar-se ao "formato" de cada situação em concreto.

Este é o motivo que está na base do conflito que envolve a criança adoptada pelo sargento e cujo pai biológioco quer reaver a todo o custo...

Beijinhos

11:21 da manhã  
Blogger Bastet said...

Olá Cláudia! De facto não é fácil quando se legisla ter em atenção todos os casos que possam vir a caber dentro da alçada da lei. Todavia este caso é facilmente previsível e pode acontecer na pendência de um casamento, sem que a palavra do pai seja levada em consideração. A mim parece-me uma clara violação do princípio da igualdade. Parece-me de resto que este enxerto que se quer fazer à lei existente vai longe demais no que não deveria de ir e não vai longe onde deveria. Ou seja, esquece-se a palavra do pai e o seu consentimento, despenaliza-se até ás dez semanas o aborto mas continua a criminalizar-se e a penalizar-se toda a mulher que aborte, a seu pedido e sem estar nas condições já previstas na lei, após as dez semanas.

4:32 da tarde  
Blogger Bastet said...

Caro AR, precisamente por a omissão da verdade permitir que não haja caso parece-me mais grave ainda a violação deste princípio e o esquecimento a que foi votado.

4:33 da tarde  
Blogger Elipse said...

se o pai for um daqueles senhores de meia idade que diz à mulher que se desenrasque porque o problema é dela; se for um senhor de menos de meia idadee que diz à mulher que não sabe se a coisa é dele ou de outro; se for um daqueles fodilhões que esmagam as miúdas (e não só) com paixões prometidas; se for um sujeito que aproveitou bem a noite e depois deixou de conhecer a companheira; se for um garoto sem emprego nem projectos; se for um toxicodependente de quem tem de se fugir enquanto é tempo.... se e se e se... estou p'ra ver se lhes concedes o direito à decisão!
Respeitando a liberdade individual da opção de cada um... e sem querer entrar em polémicas por desnecessárias quando se trata da nossa consciência...
... estou como diz o outro: eu sou contra a pena de morte, mas... em certos casos...

7:52 da tarde  
Blogger Elipse said...

... e não sei que é isso de estar finda a luta pelos direitos das mulheres. em que mundo vives, bastet?

7:54 da tarde  
Blogger Elipse said...

Este comentário foi removido pelo autor.

7:54 da tarde  
Blogger Bastet said...

Elipse: E se o homicida for inimputável? E se a vítima for um violador? e se não tiver emprego nem projectos? És contra a despenalização do homicídio? A lei, como bem referiu a Cláudia, é geral e abstracta só depois deverá haver a sua aplicação casuística.

Em que mundo eu vivo Elipse? Não sei responder-te a essa pergunta! Talvez numa realidade paralela... e olha que cada vez mais é isso que me parece, sobretudo quando me apercebo que em 2007 (ou lá que raio é) continuam a vingar argumentos aplicáveis a 1950.

10:23 da manhã  
Blogger Barão d'Holbster said...

Para o pai processar a mulher que faz aborto é fácil, ele que nunca ficará grávido

8:24 da tarde  
Blogger Bastet said...

Caro Barão: não sei se será fácil. Acho mesmo que casos haverá em que não será nada fácil. Tenho amigos cujos casamentos terminaram e que ficaram com a guarda dos filhos e têm-se revelado excelentes pais. Gosto de acreditar que existem outro tipo de homens verdadeiramente responsáveis e preocupados. A mulher, biologicamente destinada a engravidar e a parir, pode gerar a criança e entregá-la aos cuidados do pai.
Pela tua ordem de ideias os homens nem deveriam poder votar neste referendo, bem como as mulheres estéreis.

9:48 da manhã  
Blogger Movimento Pela Net Mais Barata said...

Justiça e lei nem sempre se regem pelas mesmas regras e decisões.
Há sempre questões de fundo e problemas éticos por trás que não podem ser resolvidos de ânimo leve. Todos nós nos vemos envolvidos em lutas por coisas que acreditamos, é esta convicção que nos define!

8:45 da tarde  

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