até ao pó
Se por acaso o teu caminho vier nesta direcção. Como se eu acreditasse nos acasos. Ou nos destinos. Ou nas sortes escritas no Livro das Coincidências. Quando no final se separam os bons dos menos bons. Ou os maus dos medíocres. Ou mesmo na realidade ou na virtualidade que se lhe opõe. Os opostos ajudam a perceber o que medeia os extremos. Tudo é vontade. Se houver um arbítrio livre em que valha a pena acreditar. Conheço melhor a prisão das condicionantes. As que tolhem os passos na fuga. Chama-se por vezes amor ao sacrifício. Ao medo. Depois dividem-se os traçados: os que julgam fugir - imbecis; os que desistem - cobardes. Tudo é inútil. Tirando a utilidade marginal do prazer. Ou a fé. O que se leva ou traz às costas na vida e para a morte. Levar a aura dos feitos e da caridade ou o jugo da ambição e do laxismo. Colocar aos pés do Julgador as misérias que nos justificam. Quando pela idade consciente acreditámos nos planos de poupança e nas casas de betão. Ou nos filhos que nos substituem os dias. Ou na mão educativa que mudará o mundo. Se por acaso eu acreditasse na liberdade, ou na vontade, ou na utilidade da vida enquanto dura. Como se valesse a pena sermos lembrados. Estudados. Que nos atribuíssem ilações do que nunca pensámos nem dissemos. A porem-me um nome seria "mais ou menos". A mim que professo radicalidade a par com a tolerância! Valha-me Deus!
Se por acaso o teu caminho vier nesta direcção, é o que me resta por esperar, e por isso quase quero que não aconteça. Porque quando tudo acontece acabam os sonhos. Esses narcóticos diurnos ou nocturnos com que empolgamos a existência. Temos que prolongar a imbecilidade quotidiana um pouco mais, e ao menos que até lá possamos emparelhar os nossos passos rumo ao pó para vermes: essa nossa última essência.
Se por acaso o teu caminho vier nesta direcção, é o que me resta por esperar, e por isso quase quero que não aconteça. Porque quando tudo acontece acabam os sonhos. Esses narcóticos diurnos ou nocturnos com que empolgamos a existência. Temos que prolongar a imbecilidade quotidiana um pouco mais, e ao menos que até lá possamos emparelhar os nossos passos rumo ao pó para vermes: essa nossa última essência.
7 Comments:
O REGRESSO
Os amigos insistiram no regresso do “BEJA”.
O desejo íntimo também era grande…
Porque não dar vida de novo a este projecto?
Além das notícias do Alentejo voltamos a ter outros
temas interessantes e sempre a lembrança dos
bons Poetas Alentejanos e não só.
Assim decidimos voltar e esperar o bom acolhimento
de sempre dos Amigos que aqui encontrei e dos
novos que porventura nos visitem.
Abraços amigos
fogo......
também tudo
me parece
uma peça de teatro
montada.
demasiado depressa...
bela forma de dizer ! :)
Somos uns seres profundos, inquietos, superficiais e incompreensíveis. Como podemos esperar compreensão humana?
Mas ainda assim, acredito.
O teu texto está magnífico, 'bastet'zinha'.
Quero 5 linhas tuas. Vai ver de q estou a falar.
:)
idéias mui bem postas, com a mestria das palavras que são tuas. contudo, senti o cinza de um momento (?)... não faço julgamento, faço (re)leitura.
o pó
que à terra torna
alimento de vermes
adubo pra vida renovada
ínfima parte
tão somente
do Espírito
que ao Todo torna.
uma beijoca saudosa, querida Bastet.
Nã, não quero deixar-me apanhar pelo acaso. Aliás, desde que no 10º ano, uma colega minha me disse que fazia um certo caminho, pois assim encontraria "por acaso" o Pedro (o rapaz por quem tinha uma paixoneta), decidi deixar de acreditar no acaso.
O acaso somos nós. Prefiro as probabilidades, essas podemos fazer tender para nós.
:) belo comentário o do Nuno! Está fantástica essa história do acaso!
Obrigada a todos por irem passando por aqui neste fase em que não me anda muito a apetecer postar!
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