segunda-feira, janeiro 22, 2007

umbiguismo

Quem me dera ter um umbigo maior! Que me enchesse o ventre e o ego das imagens dos meus perfis. Tão grande e redondo que me apertasse o coração. Que me contraísse aurículas e ventrículos a ínfimas cavidades mesquinhas. Onde o sangue circulasse só para lhe dar a vida. Um umbigo de força centrípeta. Majestoso. Pois quem me dera um umbigo assim! Para que vivesse em função dos seus roncos solitários de auto-compaixão. Para que visse o mundo a girar ao seu redor, e o sol a pôr-se, e a lua a levantar-se, em vénias e solenes continências. O meu corpo marchando à sua ordem. A minha boca matando a sua fome. Ai! quem me dera um umbigo mais à moda. Ostentar-lhe a vaidade pela rua. Passear-lhe os desvarios pelas montras das largas avenidas. Aliviá-lo do fastio dos outros. Acalentar-lhe o digno sofrimento com promessas. Acariciar-lhe as concêntricas e insaciáveis pregas. E cegar, cegar este meu espanto tão cansado que me dói.

4 Comments:

Anonymous Anónimo said...

Quem tem, tem; quem não tem, tem outras cpoisas ;)
Um beijinho

7:38 da tarde  
Anonymous Anónimo said...

Não, Bastet, não! Há-de haver uma razão qualquer que valorize mais a lucidez que o umbigo. Verás que não é sustentável um mundo com tantos e tão grandes umbigos.

10:33 da tarde  
Blogger batista filho said...

tem momentos que me sinto pobre de palavras. agora. deixo o meu abraço, desejando que estejas bem, amiga querida.

1:55 da manhã  
Blogger Bastet said...

Lá está a velha máxima Erecteu: uns têm outros não! :)*

Haverá Ikivuku? Ou não estaremos ikivukados?

Tu pobre em palavras Batista? Nem vou comentar! Pega lá um abraço para que te sintas mais rico! :)***

3:18 da tarde  

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