terça-feira, dezembro 12, 2006

um amor que não se constipa

Vivo de espaços sonâmbulos. De manhãs irreais. Adormeço com a tua mão no meu rosto já o sol rompe nas cortinas da janela. Mudaria tudo se a manhã jamais morresse. Se o dia fosse sempre cedo e se a tarde nunca viesse.
Mas ao teu lado na rua, a fantasia alastra e embebeda a verdade do dia e da noite. Talvez se menos te amasse fosse real esta vida. Assim há o medo que o amor não resista aos dias iguais. Que não seja feito de carne e sangue. Que seja tão perfeito que não sobreviva. Que seja tão frágil como um anjo e que as suas asas se dobrem e quebrem sem o viço de um sonho.
Trago este amor nas minhas mãos. Mas fecho-as em concha. Como a criança que guarda uma borboleta e lhe tira das asas o pó que a faz voar. Depois, com a noite, vem de mim a voz sábia da razão. E fala-me da liberdade. Do amor que anda na rua ao frio e que não se constipa. Do amor que sobrevive à morte e às manhãs que se sucedem.
Acordo com a tua mão no meu rosto e quero trazê-la comigo aos percalços do entardecer. Para que ao teu lado só sejam sonâmbulos estes fantasmas que o sol mata quando rompe nas cortinas.

4 Comments:

Blogger Aires Montenegro said...

Um amor não se constipa!!!

10:44 da tarde  
Blogger Bastet said...

Por vezes quando não são amores fortes cedem ao frio dos dias e caem doentes. :*

10:17 da manhã  
Blogger batista filho said...

a ilusão
o anseio
ou o vislumbre
do amor se resfriam
cometas que passam

Amor?! - estrela... aquecendo nossas almas

5:50 da tarde  
Blogger batista filho said...

as reflexões que tens feito acerca dos sentimentos que nos são caros têm revelado uma percepção fantástica, Bastet!... nossas inseguranças, anseios... Valeu, amiga!
Uma beijoca.

8:55 da tarde  

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