as marionetas e eu
Sim, está bem, somos todos marionetas e o cordelinho da esquerda abre-nos um esgar na bochecha e arqueia-nos o dorso. Pois, a vida é uma merda e a humanidade é outra e não há redenção. E falem-me agora das medidas provisionais e dos objectivos sensatos. E é a guita da direita que nos puxa o pé avante e à ré o braço. E lá estou eu com a estranha mania de que somos pessoas e com ignóbil conspiração da felicidade. E que me adianta negar que rasguei as cordas e os cordéis e que vou por aí, ou por qualquer outro lado, como nunca antes? Sim, está bem, ninguém pode sorrir quando o mundo é de dor e só as lágrimas decoram as faces. E até pode ser que o meu outro cordel se tenha estragado, a tal excepção que está para a regra como eu para o mundo de peito aberto e cabelo desgrenhado. Até pode ser. Dou de barato. Ou na linha de muitos escapou-se-me o parafuso da convenção e sai-me agora o pensamento para a universalidade e para a psicose da vida e do amor. Calhou assim. Ver na chuva a promessa das colheitas e nos meus dias um quase Paraíso. E depois? Até pode ser que chore e que a minha dor estremeça os rios. Mas hei-de estar viva. Eu e este defeito de marchar ao contrário. Com os cordéis entrelaçados em razoáveis incentivos, por-vos-ei num estendal para que um dia quem sabe sequem ao sol.
11 Comments:
Diz-se que o sol voltou. Será para nos alegrar?
e que mal tem "estar viva" e no "Paraíso"?
deixa lá esse peso de uma culpa mais ou menos moralizante pelos males universais; ou o descrédito sobre os teus méritos.
é como quando se diz à filha que deve comer a sopa porque há muitos meninos que passam fome. E ela remedeia algum desses males se a comer? Ou se não a comer?
depois pode vir a tempestade mas enquanto tiveste abrigo foste feliz.
desejo a continuação desse entrelaço enquanto ele te apertar bem juntinha à VIDA!
Ainda bem que conseguiste fugir, Pinóquia. Ensina-nos como se faz... :*
Que comentário bacana Elipse fez, amiga!
Já passei por aqui várias vezes. Voltarei outras! rss!
Esse texto é especial.
Inté mais. Que o teu dia seja maravilhoso!
Uma beijoca fraterna.
Esse remar ao contrário é-me particularmente caro...Nunca conseguiria pô-lo tão bem em palavras.
É isso bastet, importa é termos a sensação da felicidade, mesmo que saibamos que ela é efémera, mas quando é, É.
Isso de cortar os cordeis é de muita coragem. Quantos eu não conheço que se pelam por agarrar o crodel mais próximo e atá-lo a um pé ou mesmo à cabeça.
É claro que cortar os codeis implica que sejamos nós a trilhar o caminho e isso da felicidade e do amor é só mais uma história de embalar, se a infelicidade te assola é só um sinal evidente que estás viva.
No entanto, no final, poderemos dizer como o poeta:
" Não sei por onde vou,
Não sei para onde vou
Sei que não vou por aí!"
E aliás, minha amiga, nem estarías tu bem se não navegasses contra o vento, não era? Mas se não houvesse quem navegasse contra o vento nunca se teria descoberto o bolinar e haverá coisa melhor do que bolinar contra o vento e chegar lá?
AR
ah, os desgarrados do tempo! inquietos espíritos a tecer com os sonhos as manhãs do sempre! subindo a mais alta montanha e despencando em fio!... mas na vertigem do tombo, gritar como a poetisa:
"Calhou assim.
Ver na chuva
a promessa das colheitas
e nos meus dias
um quase Paraíso.
E depois?
Até pode ser que chore
e que a minha dor estremeça os rios.
Mas hei-de estar viva."
Bastet, amiga querida: com toda a sinceridade de minh'alma, parabéns!
Cinco letras apenas! Cinco estrelas!
LINDO!
onde é q tu andas?
não penses q estou com saudades, vaidosa, é só bisbilhotice mesmo
(pronto, um pouco)
Obrigada a todos por não deixarem à sombra o Sol&Tude. Eu cá estou, com saudades pois está claro mas é que isto de remar ao contrário nem sempre é fácil!
batista: ficam mais bonitas as minhas palavras na forma que lhes dás!
A todos:
:)*****
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