quarta-feira, setembro 13, 2006

até que a morte os não separe

Ela e ele lançaram-se de mãos dadas no precipício até à proximidade das ondas. Demasiado jovens para entenderem que há vida para além do amor, demasiado sábios para quererem arrastar os dias nessa ausência. Depois foi o mar que lhes levou os corpos a um destino qualquer. Cá de cima, entre as vozes do casario, perpetuava-se a história dos dois amantes que tinham preferido entrelaçar-se na morte a serem separados em vida. Importa mais o que veio depois – um inevitável percurso divergente. Ela apressou-se na despedida, não fosse depois da morte morrer de amor outra vez. Ele com a âncora do passado a pesar-lhe nos pés, sentou-se nas ondas a ver os despojos, até que os rápidos séculos lhe desgastassem a memória de um romance mais que perfeito. Queria ela poder ter-lhe dito que há sempre mais novos lugares, e que nos hiatos do espaço voltaria aos seus lábios para lhe ensinar num beijo a história de uma eternidade, assim, até que a morte os não separe.

1 Comments:

Blogger vague said...

***muito

4:22 da tarde  

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