do ciúme ao amor
Coisinhas, coisas pequenas, coisas apenas que se agigantam em adamastores. Criamos monstros em nós de pequenas sementes. E vêmo-los crescer e aguçar os dentes e alimentamos o seu apetite voraz das nossas entranhas. Cuspimos pela voz e pelos dedos até estarmos secos, inertes. Depois aprendemos a exorcizá-los, a matá-los de indiferença na gestação, expondo-lhes a risível nudez. Falamos. Dizemos. Expulsamo-los nas palavras e nos gestos, sem rodeios nem medos. Que os gigantes somos nós que os fazemos e ficamos quedos a vê-los definhar até à implosão do que somos. Somos agora. E damos a volta ao mundo mostrando o que conquistámos. Ali na mesma sala, onde outrora morava a claustrofobia, entra o vento. E quem parte, levado pela forte ventania, vai fazer crescer monstros noutro lado, até que aprenda. Vem um dia, novo dia, que se apraz em nos olhar tão sinceros, e nos empresta a mão para dançar sem a vergonha, e é então que sabemos que chegámos à mais pura e bela essência.
8 Comments:
Temos todos, dentro das dobras dos hemisférios cerebrais, coisas e coisinhas que não sonhamos serem capazes de nos perturbar a racionalidade.
Que fazer quando temos também o costume de nos olharmos de fora?
É pensamento a mais, razão a mais, peso a mais na leveza que devia ser o dia-a-dia!
Não sei a resposta. Nem te decifro sempre neste todo quase hermético que é a tua construção palavrosa de imagens quase próximas, quase vizinhas, quase irmãs das minhas...
Ainda assim penso entender-te e finalmente tranquilizo-me com a ideia de que também tu algum dia viste monstros em pequenas sementes.
Já te disse mas volto a repetir, que bem que sabe quando nos sabem ler. Só por isso já te estaria agradecida mas depois, há ainda mais qualquer coisa, uma coisinha pequena, que são as sementes que não geram monstros mas antes proximidades. E sim, já eu vi monstros em largas sementeiras...
Somos agora é já fomos, continuando a ser com o que de nós foi e partiu... Se assim não fosse, não se fariam posts destes...
Sim Amir, vamos levando/trazendo connosco as lições, as memórias e até as palavras.
Tanto o post quanto os comentários - a nos irmanar... Que bela partilha, amiga querida! É tão bom perceber que as nossas palavras não somente são ouvidas, mas tocam o mais profundo das pessoas que nos lêem, não é mesmo? E como consegues isso!!! Um abraço fraterno a cada pessoa que por aqui passar.
PORRA!!! QUE DEPRESSÃO!!! DA-SE!
Espero que não...
Obrigada amigo Batista e um abraço para ti também!
Formiguinha! Bem vindo sejas, pá! Qual depressão qual carapuça! Tá-se bem ;)
E não nos podemos esquecer que o Diabo está nos detalhes, ou seja, nas coisinhas pequenas. Portanto, as coisinhas pequenas são o Diabo. Ora se são o Diabo, ah e tal ...
AR
Enviar um comentário
<< Home