na conquista de uma fugaz liberdade
Guardou os chinelos e saíu pela janela. A liberdade conquista-se de pés nús e de forma arrojada. Trepou o portão e pisou a calçada. Rasgou a roupa e os joelhos. Era um preço que tinha de pagar. Andou de costas e de olhos fechados porque nem sempre a liberdade está à nossa frente ou se destapa nua aos nossos sentidos, depois de braços abertos e queixo erguido, gritou bem alto os vapores de um hino de conquista mas só repousou satisfeita quando sentiu novamente nos pés a felpa familiar e aconchegada das suas pantufas.
7 Comments:
A "eternidade" de uma fugaz transgressão ;-)
*
e o felpinho das meias que nos conhecem os pés?
eu prefiro :-)***
Nada como a liberdade das meias de felpa mas ainda assim sabe sempre bem transgredi-la ainda que de forma fugaz!
Li em Borges, num 'por acaso' de um livro que me atravessou as mãos, que todos os dias há um momento em que nos sentimos felizes. Pensei que podia ser uma boa ideia para dar um ar descontínuo aos dias e juntar ao acaso que rege o comportamento das partículas subatómicas, uma igual contingência na mecânica quântica dos pensamentos. Agora, por este acaso, ocorreu-me que talvez haja um momento em cada dia em que nos sentimos livres. E talvez haja outras coisas valiosas e raras que acontecem assim, em lapsos instantâneos, picos de excepção na linearidade neutra da vida.
Há diários segundos mágicos em que o temos por dentro em ebulição se concretiza, como um espirro de alívio em nariz congestionado, e talvez pouco importe a forma como nos assoamos de seguida...
De forma irreverente trataste de liberdade - e como gostei da abordagem! Valeu!!
Amigo do além mar, obrigada pelas tuas palavras. Deixei o meu sim àquela proposta lisonjeira que me fizeste num post abaixo. Mais uma vez um enorme obrigada e um beijo amigo para ti Baptista Filho.
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