as pontinhas
Como não gosto muito de ir ao cabeleireiro, sou atenta aos sinais que demonstram de forma inequívoca que é tempo de lá voltar. Refira-se que não gosto do meu cabelo e que ele é o responsável por alguns traumas de infância e adolescência. Comparações com caniches, cães de água, ovelhas e outros animais de pelugem crespa, acompanharam o meu crescimento, com a desvantagem de estes animais terem por norma uma abundância capilar que a mim, infelizmente, não me caracteriza. Transporto pois - dizia- os meus caracóis às mãos de profissionais quando as pessoas que me rodeiam começam por se referir ao meu cabelo como "isso". Sendo mais clara: Não achas que é altura de cortares isso?; Não consegues pentear isso de outra maneira?.
E quando vou, como ontem fui, vou sempre apreensiva. Procuro todavia pensar que pior será difícil e que, ao menos, sempre mudo um pouco. O problema prende-se sempre com o conceito de "pouco" e com a compreensão verbal das profissionais em questão. A verdade é que as cabeleireiras detêm nas mãos e na tesoura um grande poder e são donas de uma tendência inata para a interpretação extensiva dos conceitos mais básicos de medidas. "Pouco" nunca é pouco. "Pontas" podem ser uma longa extensão capilar que, no cúmulo, termina na raiz. Ora, a senhora em quem, ingenuamente, confiei ontem, é das mais arrojadas que tive oportunidade de conhecer. Recordo-me perfeitamente de lhe ter dito de forma aparentemente explícita que pretendia só cortar as pontinhas (e dei ênfase ao diminutivo) e talvez dar um tom diferente ao cabelo... Asneira! Coloquei-lhe demasiada liberdade entre mãos... Apercebi-me de que algo não estaria a correr conforme o previsto quando, pelo espelho, vi esboçar-se-lhe um estranho, quase maléfico, sorriso.
Levantei-me a custo da cadeira e encarei com coragem o olhar crítico da minha filha e as suas observações sempre corrosivas que, só por pudor, não transcrevo. Aguentei ainda as meias palavras com que fui recebida por quem era suposto animar-me. Contudo, a essência da verdade, lê-mo-la sempre "à contrario" na boca dos nossos inimigos. Tenho que me render à evidência. Hoje fui recebida pelas funcionárias que de mim hierarquicamente dependem com um ror de elogios, e isto é que eu já não aguento! Desta feita a coisa correu mesmo mal!
E quando vou, como ontem fui, vou sempre apreensiva. Procuro todavia pensar que pior será difícil e que, ao menos, sempre mudo um pouco. O problema prende-se sempre com o conceito de "pouco" e com a compreensão verbal das profissionais em questão. A verdade é que as cabeleireiras detêm nas mãos e na tesoura um grande poder e são donas de uma tendência inata para a interpretação extensiva dos conceitos mais básicos de medidas. "Pouco" nunca é pouco. "Pontas" podem ser uma longa extensão capilar que, no cúmulo, termina na raiz. Ora, a senhora em quem, ingenuamente, confiei ontem, é das mais arrojadas que tive oportunidade de conhecer. Recordo-me perfeitamente de lhe ter dito de forma aparentemente explícita que pretendia só cortar as pontinhas (e dei ênfase ao diminutivo) e talvez dar um tom diferente ao cabelo... Asneira! Coloquei-lhe demasiada liberdade entre mãos... Apercebi-me de que algo não estaria a correr conforme o previsto quando, pelo espelho, vi esboçar-se-lhe um estranho, quase maléfico, sorriso.
Levantei-me a custo da cadeira e encarei com coragem o olhar crítico da minha filha e as suas observações sempre corrosivas que, só por pudor, não transcrevo. Aguentei ainda as meias palavras com que fui recebida por quem era suposto animar-me. Contudo, a essência da verdade, lê-mo-la sempre "à contrario" na boca dos nossos inimigos. Tenho que me render à evidência. Hoje fui recebida pelas funcionárias que de mim hierarquicamente dependem com um ror de elogios, e isto é que eu já não aguento! Desta feita a coisa correu mesmo mal!
15 Comments:
Não me digas que ficaste tal qual o cachorro da foto! :PPPP
(Saudades...)
Hum... estava mais parecida antes... agora estou careca! Saudades também caracolinhas! :)*
Eu encontrei há anos uma cabeleireira com que quero ficar, após 3 dezenas de anos inglórios
Imagina o início da faculdade, qdo estás num período de descoberta e queres estar no teu melhor. Para inovar cortei o cabelo comprido e fiz caracóis, eu sim parecia um caniche com 'mise'.
A propósito, esta conversa de cabelos quer dizer que é hoje o dia dos teus anos?
Não me enganes, que eu estou traumatizada :)
Ai, ai Vague Maria! Já me chega estar ruiva e careca! Não mulher eu só faço anos no dia a seguir ao das mentiras!
A bastet ficou careca? oh céus... onde é q este mundo vai parar?? ://
LOL
bjinho :*
Falta exactamente um mês :)aproveito para ser a 1ª a dar os parabéns, como fiz à Hipatia.
Só foi pena não ter sido antes do carnaval...
Explica melhor esse "correu mesmo mal". E, já agora, como podes estar careca e ruiva ao mesmo tempo? Bem... melhor não explicares esta última, que só me estou a lembrar de asneiras... :))))
se ficaste como esse franjinhas da imagem!...
na minha opinião (mesmo sem ver) acho que ficou muito bem.
se tens menos cabelo fica bem na mesma.
é uma questão psicológica.
rsssss
a mania de complicar as coisas simples.
mas careca com pente 1, 2, 3, ou 4 ?
qualquer um deles dá um penteado bem fixe.
:)))))
Vê lá se tiras uma fotografia para eu ver daqui a um mês.
Bem... acho que me revi um pouco neste texto e voltei anos atrás, onde todos me diziam: ena, que juba!
A juba era a minha farta cabeleira loira, encalacolada, sempre por cima dos olhos e que eu queria a todo o custo manter lisinha e brilhante... eheh
O que eu passei... até á moda das espumas e do cabelo seco ao natural... pois é, o meu suplício desapareceu (um pouco, só) e já aceito, pelo menos de verão, a juba que Deus me deu...
Bem... confesso, essa franjinha fica-te a matar... ;)
Adorei ler-te ;)
Boa noite ou antes boa madrugada, porque sem sono, levantei-me e vim à descoberta de novas leituras...
Bj ;)
Pois é meus amigos... Neste momento de tristeza estética que assolou o meu habitual (des)penteado evito os espelhos... Sobraram-me uns quantos caracóis vermelhos que se encarapinham ainda mais no alto da pinha e que fazem com que o meu já longo pescoço pareça ainda maior... A comparar-me seria mais com uma avestruz do que com o simpático franjinhas da fotografia... até porque a vontade é enfiar a cabeça na areia e aparecer quando o cabelo estiver maior.
Hipatia: Claro que é possível estar (quase) careca e ruiva ao mesmo tempo... não te lembres de asneiras mulher :)
Lino: O Carnaval é quando uma cabeleireira quiser!!! :)
Amiga Sara: Estou mesmo em crer que este é o princípio do fim do mundo :)
Adesenhar: Obrigada pelo incentivo e pelo carinho :)
Asulinho: É que nem penses que eu vou tirar fotografia! Pergunta os detalhes ao teu amigo Pedro A. :)
Amiga Marota: É sempre bom quando partilhamos os nossos traumas, verdade? Obrigada por me leres e um beijinho solidário e amigo :)*
Mas que rendeu um belo post, isso rendeu!
:)
Um abraço fraterno.
Deixa lá, mulher, pensa que sempre é uma mudança e que uma mudança é tão boa como umas férias! :)
Isso cresce! :)
Um abraço amigo Baptista e um beijinho para ti Noite! Estou à espera que cresça...
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