duas miúdas
Pela tarde de ontem, aquecida pelo sol de inverno, sentada num banco de jardim na companhia de um grande amigo, concluiu-se pela maleabilidade das crianças à diferença. As nossas respectivas pimpolhas brincavam alegremente no parque infantil. A dele, dona de uns belos e profundos olhos castanhos, não perdia o norte ao pai. Vestida como uma menina de colégio inglês, teve a doçura de, por diversas vezes, largar o balouço para se enroscar no colo dele a pedir mimos. A minha, conforme tão bem foi caracterizada pelo pai sortudo, parece sempre saída de um woodstock infantil... Cabelo escortanhado ou escadeado ou lá o que é, abrilhantado por três belas (!) madeixas, olhos cinzentos postos no próximo brinquedo, olhos que só por distracção se cruzaram parcas vezes com os meus. De repente, para meu espanto, também veio a correr na minha direcção. Queria ajuda para empurrar o balouço... Ah, pois é! Nada cá de mimos ou mariquices...
Se elas se conhecessem na adolescência odiar-se-iam - dizia o meu amigo- porque não há duas criaturas mais diferentes. Assim, serão amigas para sempre - Este facto parecia agradar-lhe tanto quanto a mim me agradava. A água e o fogo e a complementaridade possível. Demos por nós a imaginá-las crescidas. Uma de vestido ou saia de pregas, a outra de ganga, colares, atilhos e piercings. Depois, fomos lanchar. Quando se foram, ficou-me na ideia que, além das dores de cabeça que o futuro por certo me reserva, um dia recordaremos com saudade esta simples tarde de Domingo e as nossas auspiciosas premonições.
Se elas se conhecessem na adolescência odiar-se-iam - dizia o meu amigo- porque não há duas criaturas mais diferentes. Assim, serão amigas para sempre - Este facto parecia agradar-lhe tanto quanto a mim me agradava. A água e o fogo e a complementaridade possível. Demos por nós a imaginá-las crescidas. Uma de vestido ou saia de pregas, a outra de ganga, colares, atilhos e piercings. Depois, fomos lanchar. Quando se foram, ficou-me na ideia que, além das dores de cabeça que o futuro por certo me reserva, um dia recordaremos com saudade esta simples tarde de Domingo e as nossas auspiciosas premonições.
12 Comments:
eu conheço esse "childood tale", mas segundo a versão (autoral) maternal, as parcas devem ter adormecido, por momentos...
Bastet, já começa a ser um "cliché",mas mais outro bonito texto!*
Como diz o sgc, não há como dar a volta - é cliché mas enfim.
Um bj grande, minha querida.
Já colocámos o cartaz e o programa do ENCONTRO DE BLOGS EM ALVITO a 22 de ABRIL. Gostávamos de contar com a sua presença nesta festa de confraternização.
Eh, eh, eh... eu esqueci-me SGC de dizer que a dita saí um pouco a mim... :)*
Obrigada Vague Maria. Um elogio teu sabe sempre tão bem! :)*
Obrigada pelo convite Lumife!!! Vou ver se me consigo escapar às minhas habituais funções de baby sitter!
lindo, lindo... muito lindo!
Fantástico...
é tão engraçado ver estes exercicios de futurologia....
é que é inevitável mais tarde recordar o que tinhamos fantasiado.
Beijocas
é depois das manipulações sociais que começam a diferenças
na cor
no sexo
nos dogmas
nos gostos
.....
agora fundem-se na graça de se amarem nas brincadeiras, e nas diferenças que lhe aguçam a curiosidade.
mas também te digo que ainda agora tmantenho pares dos mais opostos, e a graça passa toda por aí
beijinhos Bastetbigodes
Até as conseguia ver daqui :))
Se fosse a si cara bastet nao apostaria demasiado dinheiro na previsao do futuro das 2 criancas... entre genes e ambiente e tudo e so apenas uma questao de... bem... nem sorte... nem fado... apenas pura imprevisibilidade.
Ena! Vejo que o rei Mouro está de volta! Seja bem vindo A.A.R. !!! :)*
errata: S.A.R.
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