sobre a natureza
Conheço os segundos que antecedem a tempestade. O silêncio carregado de energia e de mensagens e a ansiedade dos olhos postos no céu, aguardando o desabar dos acontecimentos. E prefiro o ribombar do primeiro trovão, que corajoso se anuncia em força e que deixa adivinhar a brutal sequência, à ignorância inquieta da negritude carregada e muda. E assim prefiro quase tudo na vida. O que se expõe ao que se esconde. O que avança ao que recua. O que luta ao que se acobarda. A acção à expectativa. Prefiro a tempestade ao seu anúncio. O que explode ao que interiormente se consome. Que é maior a violência do que se arrasta na sombra do que a luz que de sopetão nos cega. Gosto do que se mostra. Da frontalidade da chuva e das torrentes soltas das palavras, do barulho das vozes iradas aos cínicos e encolhidos sussurros dos moles aguaceiros. Na natureza das coisas e dos homens prefiro a festa ao seu convite.
19 Comments:
LOL, tu gostas é de festa!! :P
:) é bem verdade! Mas olha quem fala...
O que age, permite-nos a reacção; o que se oculta, faz-nos apenas andar sempre a olhar para trás, para ver de que lado vem a facada.
Pois é Hip e andar a olhar para trás é, além de trsite, perigoso, podemos sempre tropeçar :)
e bater com a sobrancelha na parede.
e ainda gosto muito de apanhar as canas :P
:) outra vez de sobrolho à parede é que não JP!!! Por cá ficou a marca e o joelho não há maneira de ficar bom! Mas o gato está fixe!!!Eh, eh, eh!
partir a loiça por vezes é preciso e não ficam dúvidas por esclarecer :)
bjs
:)
Pois é a-desenhar mais vale um prato partido que a louça presa por arames ;)*
Arrepiei-me, metade foi do frio.
A outra metade adivinho.
É claro que todos preferíamos ver claro, saber, ter informação. Mas ninguém é assim tão transparente. Assim temos de viver num misto de adivinhação e espectativa. É daí que depois vem o sal para a festa...
O anúncio da tempestade mete medo, porque nunca sabemos como será e o que deixará. Mas depois dela sentimos como que um alívio, como que toda a água que caiu nos tivesse lavado.
Ena Vague que bom ver-te por cá! E nas tuas adivinhas estão as minhas confissões... é o que faz conheceres-me! Um beijo grande :)*
Querido barão... estou um pouco desiludida quanto ao facto de já não seres um gato... mas continuas com o mesmo espírito, semelhante ao meu de resto! Também gosto de sal nas festas, sobretudo nas pipocas :)*
Olá Noitinha! Creio que sabes que a minha infância foi passada em terras onde as tempestades eram fortes, violentas e como é bom depois sair para rua e aspirar o cheiro da terra molhada, mas antes, o anúncio silencioso da tempestade metia medo, muito medo. Um beijo grande para ti mãe galinha :)
Ouve lá, medo de quê? Quanto tempo tem a vida?
Creio que quando entendemos como a vida é precária e breve, duas soluções temos à vista: gozá-la com mais intensidade ou encolhermo-nos com medo. Mas aqui mais do que ao medo refiro-me ao que gosto e ao que me desagrada. Gosto dos acontecimentos e das revelações e, como sou impaciente, desagradam-me as expectativas, principalmente as goradas!
Um beijo Formiguinha e creio que me deves um jantar :)
LOL! Sim sem dúvida. ;)
Não utilizei nada as tuas confissões, menina Bastet :)
(
Nem precisas. O que digo Vague Maria é que, quando te deitas a adivinhar acertas nas confissões que não faço :)***
Como demorei um pouquito a vir cá, quando dei por mim já havia duas publicações tuas: esta e a próxima.
... Sei que não é somente o final de ano o responsável pela intensidade das tuas palavras, qual enxurrada no afã de externar sentimentos. Este texto, "sobre a natureza", traz de maneira inequívoca "o ribombar do primeiro trovão"; ele avança! - não recua nenhum milímetro. "Não se acobarda em momento algum".
Parabéns, amiga. Te aplaudo de pé. Fica bem.
Enquanto as minhas palavras são o ribombar do primeiro traovão as tuas meu amigo são a música da bonança que vem depois. Obrigada Baptista Filho.
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