quinta-feira, dezembro 15, 2005

conto de Natal

Quebraram-se os ramos da última árvore e com eles a canção de Natal de algumas crianças. Tentaram colá-los ao tronco como se este, apesar da sua vontade, os pudesse aceitar de volta. Mas não havia vontade que chegasse para consertar a morte. E no chão, duas folhas de cores berrantes, assinalavam a maldade gratuita, aquela que é feita a troco de soldo nenhum. Já se via a seiva feita sangue e os galhos como cadáveres, que o sentimento tem destas metamorfoses quando deseja aprofundar a dor no coração, para que esta marque e doa. O que dói deixa marcas de ensinamento muito para além de qualquer convalescença. As crianças olhavam a árvore compreendendo todos os homens - os que cultivam e os que matam. A árvore balouçava ao vento o pouco que lhe sobrava da sua dignidade antiga. Ali mesmo se fizeram solidárias as mãos dos meninos e das meninas, dando descanso na terra aos pequenos troncos e afagos à mãe amputada. Pudesse a árvore ter-lhes dito o que sabia e teria sido maior a lição. Na noite de Natal eram as folhas de cores alegres que enfeitavam as casas, simbolizando o respeito pelo que sobrara. Houve uma estrela mais brilhante que acomodou a sua luz no topo da última árvore e talvez por isso se desse o milagre muito antes da Primavera. Foi por Janeiro que as crianças voltaram e agradeceram à vida ter ressurgido do nada, ali onde a mesma árvore se rodeara de irmãs, acreditaram que Deus ainda tinha poder sobre o mal.

10 Comments:

Blogger vague said...

Há estrelas mais brilhantes que outras em determinado período de tempo. Senti isso de uma forma quase física quando aconteceu algo há muito tempo. Aquela luz era mais brilhante e o céu estava especialmente iluminado com a chegada daquela estrela nova.
As estrelas, como os anjos, sobem depressa ao céu.

5:10 da tarde  
Blogger jp(JoanaPestana) said...

podera todos os meninos e meninas ensinarem-nos a lição na discórdia.
Que este teu Natal seja feito de folhas de todas as cores da vida.
beijosol

6:28 da tarde  
Blogger Hipatia said...

Não te comento o conto de Natal (tão bonitinho!), porque tenho uma ostra atracada na garganta :P

5:18 da tarde  
Blogger Mocho Falante said...

que a tua casa seja invadida por folhas de mil cores para que sorrias nesta Natal

Beijocas doces

6:52 da tarde  
Blogger Bastet said...

Queridas Vague, JP e Hipatia e querido Mocho Falante, os mais sinceros votos de um Feliz Natal para vocês, cheio de paz, calor, amor e carinho.

E agora só para ti Hipatia, se tens uma ostrinha com molho de cerveja preta atravessada na garganta ou um bacalhau com leite de coco a trabalhar-te na disgestão, tenta beber uma gotinha daquele vinhinho que não quiseste partilhar :) LOL, LOL!!!!
Ah, já me ia esquecendo do pão de ló com dôce de ovos e do pudim....

10:03 da tarde  
Blogger Hipatia said...

Buuuuuááááááááááááá

(e o cozinheiro também mas há-de pagar; e o senhor da voz bonita também; e vou ensinar mais umas rezas à miúda, vais ver...)

Buuuuuuuuááááááááááá

10:20 da tarde  
Blogger Bastet said...

Já estou a ver o filme... Pai Nosso que estás no céu venha a mim a papeira assim como o sarampo... Eu é que te dou o sarampo ó in be josa!!!

3:21 da tarde  
Blogger th said...

Eu gostaria de deixar uma frase bonita, mas os neurónios estão de férias...segue fotocópia:
Eu também estou mais para hibernar do que para postar banalidades e a contar os dias que faltam para Janeiro, depois do dia 1...impossível ter disponibilidade com toda esta pressão. Para quem faz do Natal uma época feliz e alegre, os meus votos de que assim seja.
Agora vou dar uma volta pelos blogs que costumo visitar e vou deixar este mesmo comentário em todos.
BOM NATAL!
th

6:14 da tarde  
Blogger Elipse said...

Aceita o desafio e escreve sobre a foto que tenho no Palavras em Linha. :)

12:47 da manhã  
Blogger Bastet said...

Querida Th, na impossibilidade de hibernarmos cá vão os meus votos de Feliz Natal e um enorme beijinho. :)

Olá, Palavras em Linha, claro está que vou passar pela tua casa e espreitar o desfio! Um beijo para ti! :)

11:44 da manhã  

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