exílio
Dias completos. Grelhas de números imensos, decrescentes, riscados numa parede até à total liberdade e pequenos raios de luz, espartilhados pela grade desbotada pelo desespero do sol e pelo calor das mãos que a abraçam, seguram?, perguntando em silêncio, ao silêncio, quando?, e já mal sabendo que por certo um dia, no dia certo, o ferro quebrar-se-á o suficiente para que o corpo se cinja e depois se expanda, expulsando o passado, em gritos de vida ou, talvez apenas, num rouco gorgolejar de espanto. Completos dias de mudez e de murmúrios, de surdez e lassidão, de brumas de breu e escuridão, repetitivos dias de memórias de arrependimentos, e reforços de fé, esses balões descoloridos que vencidos, desmaiam tristes, murchos, aos pés, pela poeira, no chão.
6 Comments:
Quem escreve assim...
deve participar no III Concurso do Escritor Famoso :)
Triste e belo. por que é que isso é possível?
Versos intimistas, com uma musicalidade gostosa. Gostei!
Um abraço.
Mas mesmo balões descoloridos têm em si a possibilidade de um novo sopro. Um sopro regenerador, de preferência :)
Muita bem esgalhado, pá.
Que ritmo gostoso!
Continuas em grande! ;)
beijocas!
Se eu fosse Poeta queria ser assim, escrever a tristeza, arrancar barras de prisão com este sentimento e esta liberdade!...th
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