terça-feira, outubro 04, 2005

exílio

Dias completos. Grelhas de números imensos, decrescentes, riscados numa parede até à total liberdade e pequenos raios de luz, espartilhados pela grade desbotada pelo desespero do sol e pelo calor das mãos que a abraçam, seguram?, perguntando em silêncio, ao silêncio, quando?, e já mal sabendo que por certo um dia, no dia certo, o ferro quebrar-se-á o suficiente para que o corpo se cinja e depois se expanda, expulsando o passado, em gritos de vida ou, talvez apenas, num rouco gorgolejar de espanto. Completos dias de mudez e de murmúrios, de surdez e lassidão, de brumas de breu e escuridão, repetitivos dias de memórias de arrependimentos, e reforços de fé, esses balões descoloridos que vencidos, desmaiam tristes, murchos, aos pés, pela poeira, no chão.

6 Comments:

Blogger Maria do Rosário Sousa Fardilha said...

Quem escreve assim...

deve participar no III Concurso do Escritor Famoso :)

Triste e belo. por que é que isso é possível?

11:49 da manhã  
Blogger batista filho said...

Versos intimistas, com uma musicalidade gostosa. Gostei!
Um abraço.

6:51 da tarde  
Blogger Hipatia said...

Mas mesmo balões descoloridos têm em si a possibilidade de um novo sopro. Um sopro regenerador, de preferência :)

6:53 da tarde  
Blogger shark said...

Muita bem esgalhado, pá.

6:56 da tarde  
Blogger Softy Susana said...

Que ritmo gostoso!
Continuas em grande! ;)
beijocas!

7:13 da tarde  
Blogger th said...

Se eu fosse Poeta queria ser assim, escrever a tristeza, arrancar barras de prisão com este sentimento e esta liberdade!...th

12:51 da tarde  

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