arte pura
Motivos sérios levam a que me debruce sobre o tema. Pouco entendida que sou, apesar de amante de várias manifestações que a arte permite, vi-me em busca de definições que pudessem ajudar-me a enquadrar aquilo que não sei qualificar. Perante o painel em causa, colocou-se-me a dúvida, seria aquela uma obra expressionista? Com a ajuda do google descobri isto sobre o Expressionismo: "Movimento artístico que se caracteriza pela expressão de intensas emoções. As obras não têm preocupação com o padrão de beleza tradicional e exibem enfoque pessimista da vida, marcado por angústia, dor, inadequação do artista diante da realidade e, muitas vezes, necessidade de denunciar problemas sociais".
Certo era que a obra em causa parecia revelar emoções intensas ou, ao menos, provocava em mim emoções intensas. Não tinha também qualquer preocupação com o dito padrão de beleza tradicional ou, seguramente, qualquer relação com o meu padrão de beleza. Não me parecia, no entanto, que houvesse ali qualquer enfoque pessimista da vida, qualquer marca de angústia, malgrado a angústia que me a mim me transmitia e o pessimismo com que eu olhava a obra de arte. Inadequação do artista perante a realidade? Necessidade de denunciar problemas sociais? Sentia apenas que a mim me impressionava de sobremaneira, quase às lágrimas... Seria uma obra impressionista?
Recorri novamente à pesquisa e encontrei isto: "O nome Impressionismo, como tantos outros exemplos na História da Arte (os termos gótico ou maneirismo, por exemplo), inicialmente teve um cunho pejorativo. Foi um rótulo colocado ao trabalho de um grupo de artistas que, de acordo com os críticos da época, acreditavam na impressão do momento como algo tão importante que se bastava por si mesmo, dispensando as técnicas tradicionais académicas.
Esses artistas realizaram inúmeras exposições em Paris entre 1874 e 1886, porém, sua aceitação pelo público foi lenta e sofrida, pela incompreensão ao trabalho realizado. Ridicularizados inicialmente pela crítica por não seguirem a tradição pictórica que vinha sendo solidificada desde o renascimento, acabaram por, paulatinamente, obter o respeito e aceitação de suas "novas técnicas" por parte do público. E, como acontece em muitas ocasiões, a crítica foi a reboque dos acontecimentos".
Tratava-se sem dúvida da impressão de um momento feita à revelia das técnicas mais tradicionais e, pela reacção que em mim suscitava, percebia perfeitamente que os artistas impressionistas pudessem ter sido ridicularizados. Percebia melhor ainda a aceitação sofrida por parte do público mas já me custava a entender que finalmente a crítica tivesse ido a reboque dos acontecimentos...
Eu não pretendia ir a reboque dos acontecimentos, nem daquela arte ou da artista em causa. A parede à minha frente era imensa mas menor que a dor que a obra me infligia. Sentia-me verdadeiramente impressionada e inclinada a aceitar que a artista sofresse de inadequação perante a realidade... Ela, a verdadeira artista expressionista ou impressionista, afastou-se a medo... eu... agarrei no esfregão verde e num produto abrasivo de limpeza e passei duas horas verdadeiramente impressionantes a esfregar os rabiscos com que a minha filha dera largas à arte pura que nela se manifesta.
Certo era que a obra em causa parecia revelar emoções intensas ou, ao menos, provocava em mim emoções intensas. Não tinha também qualquer preocupação com o dito padrão de beleza tradicional ou, seguramente, qualquer relação com o meu padrão de beleza. Não me parecia, no entanto, que houvesse ali qualquer enfoque pessimista da vida, qualquer marca de angústia, malgrado a angústia que me a mim me transmitia e o pessimismo com que eu olhava a obra de arte. Inadequação do artista perante a realidade? Necessidade de denunciar problemas sociais? Sentia apenas que a mim me impressionava de sobremaneira, quase às lágrimas... Seria uma obra impressionista?
Recorri novamente à pesquisa e encontrei isto: "O nome Impressionismo, como tantos outros exemplos na História da Arte (os termos gótico ou maneirismo, por exemplo), inicialmente teve um cunho pejorativo. Foi um rótulo colocado ao trabalho de um grupo de artistas que, de acordo com os críticos da época, acreditavam na impressão do momento como algo tão importante que se bastava por si mesmo, dispensando as técnicas tradicionais académicas.
Esses artistas realizaram inúmeras exposições em Paris entre 1874 e 1886, porém, sua aceitação pelo público foi lenta e sofrida, pela incompreensão ao trabalho realizado. Ridicularizados inicialmente pela crítica por não seguirem a tradição pictórica que vinha sendo solidificada desde o renascimento, acabaram por, paulatinamente, obter o respeito e aceitação de suas "novas técnicas" por parte do público. E, como acontece em muitas ocasiões, a crítica foi a reboque dos acontecimentos".
Tratava-se sem dúvida da impressão de um momento feita à revelia das técnicas mais tradicionais e, pela reacção que em mim suscitava, percebia perfeitamente que os artistas impressionistas pudessem ter sido ridicularizados. Percebia melhor ainda a aceitação sofrida por parte do público mas já me custava a entender que finalmente a crítica tivesse ido a reboque dos acontecimentos...
Eu não pretendia ir a reboque dos acontecimentos, nem daquela arte ou da artista em causa. A parede à minha frente era imensa mas menor que a dor que a obra me infligia. Sentia-me verdadeiramente impressionada e inclinada a aceitar que a artista sofresse de inadequação perante a realidade... Ela, a verdadeira artista expressionista ou impressionista, afastou-se a medo... eu... agarrei no esfregão verde e num produto abrasivo de limpeza e passei duas horas verdadeiramente impressionantes a esfregar os rabiscos com que a minha filha dera largas à arte pura que nela se manifesta.
18 Comments:
...esfregar os rabiscos "com" a minha filha dera largas à arte pura que nela se manifesta.
deduzo que tenha sido a tua filha a autora da obra de arte :)
se assim foi, fica a dúvida se ela queria expressar os seus sentimentos do dia ou se era para impressionar dando largas à sua arte criativa, demonstrando que é capaz de impressionar, mesmo que para isso destrua a pintura da sala :)
na verdade pode ser considerada "arte pura", se comparada com outras manifestações de arte que pululam por este País, que siceramente deixam muito a desejar...
:)
quem sabe!
podes ter aí em casa uma verdadeira
artista e não sabes?
:)
:):)
:)
bjks
pintadas na parede
Faltava o "que" :)
Foi ela a artista sim... e nem te passa o tamanho que a obra tinha... :)*** beijos para ti a-desenhar mas se não te importas prefiro que não sejam pintados na parede....
Ah ah ah, como me ri ao chegar à parte final do post!
A solidariedade de quem já passou pelo mesmo e tem ainda uns risquitos inapagáveis a decorar certos pontos da parede serve de alguma coisa?
:) ajuda pois Zu! Tratava-se de grande parte da parede junto à cama da artista!
Já te disse mais do que uma vez:
Forrar a parede a papel de cenário!
Quando é que vamos à Papelaria Fernandes?
pedro a.
Pois é Pedro, lá "trac" ser... :)
eheheheheh, eles são demais.
E lapis de cera em parede pintada de tinta de areia? É do melhor, só com escova e vai lá vai.
Beijo
posso no mínimo dar uma "kenina" garagalhada? posso! :)
deu para entender que a tua pequena artista tem uma inclinação para grafitis :)
podias ter fotografado a obra de arte,
antes de apagar!
fica a recomendação :)
um papela de cenário ou uns blocos
A3, o ideal nessas idades :)
para mais tarde recordar...
bastet não leves a mal ok !
vem lá ao meu cantinho ouvir a 2ª faixa - Don't Worry, Be Happy...
pode ser que ajude a passar a "gde nóia"
bjks :)
com grafitis
e um bjho p/a artista
eheheh
:) JP, os lápis de cera ela reservou-os para a cabeceira da cama...
a-desenhar, como hás-de calcular nunca ficaria aborrecida até porque a ideia do post era mesmo ser humorístico! E, há que confessar, a parede até que estava engraçada, colorida :) beijos da esfrega paredes!
LOL
Again? Mais verde ou, desta vez, utilizou a paleta completa?
Suponho que estou proibida de lhe dar tintas pelo Natal, certo?
eheheheh
Puro riso.
Muito bom texto.
Hipatia, escusado será dizer-te que qualquer oferta de tintas significa que eu reveja as minhas convicções sobre a aplicação da pena de morte :)... Desta feita a artista utilizou o feltro preto como fundo e as ceras multicolores para os acabamentos... Além da parede decorou também a cabeceira da cama, os lençóis e o próprio pijama...
Bem vinda Briggite Bardot! Obrigada por me ler e comentar!:)*
Caro Buddha Breezer, acho que estou cada vez mais convicta na reencarnação e penso que o espírito de um qualquer pintor impressionista (daqueles que terá morrido frustrado pela não aceitação do seu trabalho) reencarnou na rapariga que lá tenho em casa, disposto desta feita a divulgar por TODOS os meios a sua obra... ;)
O que me ri com esta história, mas olha, a minha sobrinha tb deve ter alguns genes dalinianos, porque a semana passada lembrou-se de pintar um muro da casa com bondex...coisa fina que ficou
Estes miudos são cá de uma imaginação que até assusta
gostei: o efeito surpresa funciona muito bem; beijos para a pequena e para ti :)
Caro Mocho: Penso que uma ideia fantástica era existir em qualquer urbanização um enorme muro branco e tintas, para a livre utilização da fantasia destes artistas :)
Obrigada a-bordo. :)*
enganaste-me bem, e foi mesmo bom acabar a sorrir :)
Olá MRF! Como vês a arte manifesta-se de estranhas maneiras :) Um beijo!
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