quarta-feira, agosto 24, 2005

até sempre

Ele ter-lhe-á dito uma frase - a última - nela condensava todo o amor e todas as cautelas. Ela pegou o filho nos braços e partiu. Sob o estranho céu carregado pelas máculas de uma tempestade ele ficou a olhá-la demorando a despedida. Gravava a sua presença, a sua frágil figura de mulher para que pudesse recordá-la e guardá-la eternamente. Partimos dos pais quando aceitamos companheiro e quando descobrimos o amor sintetizamos a génese da vida. A imagem do mundo vazio, das águas e das terras desertas era a sua inevitabilidade, mas nunca pudera supor esta mágoa, este sofrimento. De resto, nem o deus do mar pudera prever que naquela viagem ele teria outra missão, estas outras feridas para além das chagas que jamais algum sal poderia sarar.

2 Comments:

Blogger batista filho said...

Escreves bem, mui bem... mas sinto em quase toda palavra tua o respingo do sal. Um abraço fraterno.

8:34 da tarde  
Blogger Bastet said...

Obrigada! Espero que esteja seja apenas uma fase mais "salgada" do pré-férias :) estão quase à porta e talvez depois venha com mais mel nas palavras! Um abraço também.

1:06 da manhã  

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