leitura de olhares
Já aprendi a ler nos olhos das educadoras de infância e das suas auxiliares. O olhar terno, e raro, que normalmente significa que os nossos filhos foram uns queridos nesse dia muito em particular; o olhar enervado, e mais usual, invariavelmente sucedido de desabafos sobre tropelias, atitudes selváticas à mesa e/ou com os colegas (também eufemisticamente apelidados de "amiguinhos"); o olhar comprometido, mais ou menos regular, e que me leva de imediato a procurar mazelas no corpo da minha filha, enquanto ouço o cauteloso relato de como ela caiu no recreio, levou com um boneco em cima ou uma cotovelada no olho. À lista, acresce agora um outro - o olhar curioso - e este, confesso, era-me desconhecido. Este olhar consiste numa observação demorada, cautelosa, curiosa, e que se processa em silêncio, da mãe da criança. Percebemos que algo não está bem mas não sabemos bem o quê. Não sabemos o que esperar. Começamos a ficar subitamente nervosas e desconfortáveis na nossa roupa e no nosso calçado. Os minutos que antecedem as palavras são de tensão e nervosismo. A criança está bem. Não chora. Não tem marcas de arranhões nem de esfoladelas...
Só depois, vem de rompão: Sabe o que é a sua filha me pediu hoje? - Ela sabe perfeitamente que eu não sei, mas faz uma pausa educada - Que lhe pusesse uma música para fazer uma dança sensual! Ai!, achei tanta graça! - Não, não achou graça nenhuma, é bom de ver, na verdade ficou foi a pensar nos hábitos lá de casa e a imaginar o piorio!
Repito então: Uma dança sensual? Alguma coisa que ouviu na televisão, nalguma novela!
Saio depressa, agradecendo em silêncio aos "morangos com açúcar", enquanto olho estupefacta para a menina que trago pela mão e sentindo ainda o dito olhar, preso na parte inferior das minhas costas.
Só depois, vem de rompão: Sabe o que é a sua filha me pediu hoje? - Ela sabe perfeitamente que eu não sei, mas faz uma pausa educada - Que lhe pusesse uma música para fazer uma dança sensual! Ai!, achei tanta graça! - Não, não achou graça nenhuma, é bom de ver, na verdade ficou foi a pensar nos hábitos lá de casa e a imaginar o piorio!
Repito então: Uma dança sensual? Alguma coisa que ouviu na televisão, nalguma novela!
Saio depressa, agradecendo em silêncio aos "morangos com açúcar", enquanto olho estupefacta para a menina que trago pela mão e sentindo ainda o dito olhar, preso na parte inferior das minhas costas.
4 Comments:
na boca das crianças tais comentários são curiosidades inocentes..., já nas dos adultos...
por isso, as educadores q lavem o interior do cérebro à mangueirada, pode ser que resulte ;)
Onde é que eu já ouvi esta história? :lol:
8o| (Calvin com olhar curioso)
;oD
Pois é challenger! Acho que a senhora deve ter ficado a pensar coisas lindas! lol!
Zu: Tu ouviste a história e já conheces a pequena protagonista :)
Que olhar curiso é esse calvin? Hum? lol!!!
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