segunda-feira, abril 04, 2005

casa das mentiras

Na casa das mentiras jogava-se à verdade. Na sala dos espelhos onde tudo se reflectia. O padre dormia sem ninguém para confessar e o louco delirava que cada sua palavra era a mais pura verdade. E jogavam os amantes em juras eternas e a casa dizia-lhes que eram efémeras. E jogavam os ladrões e os psicopatas e os espelhos reflectiam a mentira em que viviam mas a casa solene profetizava que aquela era a sua verdade. Na casa das mentiras, na sala dos espelhos onde tu te perdias e eu te encontrei, perguntei-te o que por lá fazias. Fugias do medo, da realidade, da pena e da saudade. E num lençol ao teu lado, estava adormecida uma outra rapariga, sonhando agarrada à tua mentira até que esta um dia fosse verdade. Na casa das mentiras onde não há noite nem dia, deambulavas louco quase perdido. Trouxe-te ao jardim e ali mesmo, perto de mim, puz-te terra nos pés e lágrimas nos olhos. Perguntaste-me então o que era de mim - Eu? Só por ti nunca dormi! A tua verdade já quase adormecida é a minha verdade e a minha mentira.

5 Comments:

Blogger Bastet said...

:) cuca finalmente dois minutos para me comentar! Bigada!!!!

12:43 da tarde  
Blogger Sara Mota said...

Lusco fusco? Loool

“na casa das mentiras...” ,
Está muito bonito, contraditório
… parece-me um daqueles contos ou adivinhas que se faz aos pucaninos…

Hehe,
Muito agradável =)

8:58 da tarde  
Blogger Bastet said...

Olá amiga teatro! A cuca é mesmo lusco fusquiana, tipo 5 7 minutos!!! Obrigada por passares aqui e comentares. A casa das mentiras é baseada em alguém dividido. Em alguém que foge de si próprio e da descoberta da sua verdade.

9:23 da tarde  
Blogger andorinha said...

Texto lidíssimo! Adorei :)

11:21 da tarde  
Blogger andorinha said...

lindíssimo

11:22 da tarde  

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