quinta-feira, março 17, 2005

a árvore à lua


Colho os frutos que me dás com essa simples generosidade. Como se de ti tudo pudesse ser colhido. Árvore da oferta, genuína, que a juventude alberga a verdade por desconhecimento da perfídia. Contemplo a tua harmonia confiante, quase eterna, porque eterna ainda te parece a vida e digo-te para veres em mim a finitude, a dúvida, o receio. Sorris. Mesmo quando me vês despida de folhagem, a nú o meu recorte desenhado no branco do lençol e da lua, vês sei lá que outra sombra encantada, rebentos de ervas verdescentes e deixas que as cataratas me digam que vai ser assim para sempre. E pegas na minha mão, que tu sabes estar fechada, e colocas nos meus dedos anéis de compromissos que devolvo assustada. Deixa-me ser só árvore à lua, porque a prata me empresta outros reflexos e pela manhã clara, semi-tua, vestir-me e sair à rua sem amarras, sem complexos.


2 Comments:

Blogger Helena said...

que bonito, bastet! :)*

5:43 da tarde  
Blogger Bastet said...

Obrigada laurinha! :)*

1:53 da manhã  

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