quarta-feira, janeiro 12, 2005

sopa de legumes

Cá está. A culinária transmite-nos muitos conhecimentos válidos e ensinamentos proveitosos para a nossa vida. Creio mesmo que o acréscimo de pacientes pelos consultórios de psicanálise se deve em grande parte ao abandono dos saudáveis hábitos da prática culinária e à ignorância gradual das receitas e pequenos truques de "chefe" quantas vezes transmitidos de geração em geração. Na verdade, além da manipulação dos ingredientes ser um contacto próximo e privilegiado com os segredos da natureza, na cozinha, entre os tachos e as panelas, descobrimos mais e muito do mundo e de nós mesmos. Para que não se julgue que isto é tão só conversa da treta, fica um pequeno exemplo: Toda a gente sabe que da mesma base simples se confeccionam as mais diversas sopas. Cinco cenouras, quatro batatas, uma cebola, água, sal e um fio de azeite. O que importa é o legume adicional! Se feijão verde, sopa de feijão verde. Se agrião, sopa de agrião. Se nabiças, sopa de nabiças. Mas vejamos o caso do alho francês ou da abóbora. Com o alho francês ou “porro” e com a abóbora, devido às suas características “apaladadas”, é aconselhável retirar, respectivamente consoante de um ou outro se trate, a cebola ou a cenoura à referida base, para que tenhamos então uma boa sopa de alho francês ou de abóbora.
Na política é a mesma coisa. A base é a mesma. Muda o legume adicional que, tal como na sopa, vai servir de "cabeça de cartaz". Quando o legume tem carisma, sabor específico, substracto adicional, acontece como com o alho francês e com a abóbora. Deve mudar-se a base, não jogam, guerreiam e o sabor fica muito forte.
Ora, quando por má gestão despenseira, não temos em casa nenhum legume carismático ou mesmo com "pinta" de adicional, fiquemo-nos pela base. Simples. Sem artifícios. Sirvamos sopa de legumes. Se tivermos algum legume (meramente) "adicional", façamos a sopa da mesma maneira, dando-lhe então o seu nome para que os convidados acreditem que em nossa casa se servem sopinhas ricas e variadas – Dá algum prestígio à casa e à cozinheira.
Todavia, e esta é a regra importante a reter, quando temos entre as mãos um líder, um legume carismático, muda-se a sopa ou não vá o caldo entornar.
Nestas divagações, e em tempos de simples sopas de legumes e caldinhos sensaborões, fica-vos a imagem que adorna o "post". Para que saibam amigos que se até nos legumes há sexos e incompatibilidades, esperemos pois com fé e serenidade uma “cabeça de alho porro” ou uma “cabeça de abóbora”, com os "ditos" (já que se fala de legumes digamos mesmo os tomates) no sítio, para que possamos finalmente prestigiar a nossa gastronomia.

4 Comments:

Blogger Alcabrozes said...

Bastet, num estilo do qual tinha saudades!
E quanto a tê-los no sítio acho que só o operário Jerónimo Beterraba...

o net pulha

4:58 da tarde  
Blogger Bastet said...

Lá está beterraba...

5:23 da tarde  
Blogger Asulado said...

Isto fazia falta era uma congregadora sopa de pedra.

10:32 da tarde  
Blogger Bastet said...

E lá calhaus não faltam!

10:48 da tarde  

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