terça-feira, janeiro 25, 2005

recruta da paz

As minhas garras são feitas de lágrimas. As minhas armas magoam-me, pesam-me quando alguém acusa a dor ou o receio. Serei sempre este soldado condoído das feridas que inflingi. Recruta da paz em tempo de guerra, peão na frente de batalha com a bandeira branca escondida junto ao peito amargurado. E quando o meu pé pousa no peito adversário e os ramos da vingança me enlaçam, estendo a mão contemporizadora que assina as tréguas. Quantas vezes, no entanto, quando já traçava o caminho de regresso, confortada do perdão que oferecera, fizeram do meu tronco pelas costas, o alvo de munições cobardes. E a dor maior não é a da seiva que escorre das feridas abertas mas a da fé que me abandona e a da vergonha na face enrubescida, pela ingénua arrogância de ter podido acreditar que também o inimigo traria, nesta guerra, a alma a chorar.

2 Comments:

Blogger Asulado said...

Nobre não é apenas uma marca de fiambre e de salsichas.

8:35 da manhã  
Blogger vague said...

E é também com as tristezas que se constroem alegrias. Pode ser lugar comum, mas isto não li nos livros, sei de cor porque passou por mim, e passou, passou. Passou, que não volte.
Dói magoar, e como dói. E um beijo, Bastet
e sim, Azulado, Nobre é mais q uma marca de salsichas :) O ex está à vista.

4:54 da tarde  

Enviar um comentário

<< Home