a minha coleira laranja
Levaram-me ao psicólogo porque eu tenho uma maneira diferente de ver o Mundo. Fizeram-me uma avaliação e chegaram à conclusão que eu estava desenquadrada da realidade. Eu insisti. Aleguei. Acho que a realidade é que está desenquadrada. Tão desenquadrada que esperam que eu fique feliz com a ração diária de whiskas, com o meu cesto morno e fofo e até com o rato de brincar que me compraram no supermercado. Não adianta explicar, e quantos miados perdidos, que a vida está lá fora. Que a liberdade não passa por aqui. Puseram-me uma coleira cor de laranja. Acho que ficava bem com a minha pelagem. Suportei-a o melhor que pude. Vivi com ela uns anos. Quase um mandato. Ao fim de algumas sessões compreendi como tudo funcionava. Eu não iria mudar. Só precisava que pensassem que eu ia mudar. Virei-me de cabeça para baixo e vi o Mundo como eles o vêm. Uma passagem sem qualquer sentido. Uns gatos têm e outros não. O coração bateu mais forte. Os apelos da raça. Afiei as garras e tornei-me selvagem. Sem abrigo. E se acaso recordo com saudade o conforto perdido, olho a coleira laranja que outrora me prendeu e percebo que nunca mudaria nada por dentro.
PS: A magnífica fotografia foi gentilmente cedida pelo Sr.Barão
PS: A magnífica fotografia foi gentilmente cedida pelo Sr.Barão
3 Comments:
Já não era sem tempo!!!
Vê lá agora não ponhas outra, pois não falta quem o queira fazer. Muita atenção às coleira azul-amareladas, oferecidas por gajos fixes, e às rosadas, acenadas por puros interesseiros.
Um grande miauuu para ti!
o net pulha
Perdi o treino "disto". A interrupção forçada a que fui sujeita, emperrou-me.
Não vou sem dizer: A vida dupla dos "gatos" é verdadeiramente interessante.
Grata pela "forcinha"... o "folhetim" prosseguiu...
Um grande beijinho
Querem-nos prender, não é?
Prometeu
De Pena em Riste
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