quinta-feira, janeiro 06, 2005

a dinâmica

Fui ao fundo em águas paradas, como rocha, com grilhões de ferro. Submerji imóvel, impávida mas em lastro de raiva e pena. Quando a raiva se esbate em espirais de fumo e se perde no nevoeiro da memória, a pena, acaba! A estagnação, tão violenta, ganha corpo leve e assenta, quase tomando um estranho movimento. Onde estavam as amarras que afinal eu me pusera? Ou em que rocha supostamente me tornara? Como âncora que afinal não fora herdada, ou herança que por fim eu repudio, compreendo nesta vida o desafio de chamar sereno ao que me castra. E se me perguntam se afinal eu me resigno, ou se por fim estou velha e cansada, mostro os braços que ainda se levantam de quem nunca afinal foi afogada.

2 Comments:

Blogger Barão d'Holbster said...

Minha cara Bastet.
Ainda hoje comentava com alguém que o perigo de vez em quando não se parar para pensar naquilo que se anda a fazer é simplesmente perdermo-nos de nós mesmo, por nos deixar-mos arrastar pelas tendências que nos envolvem. Por isso, ir ao fundo, por mais que custe, é bom, faz-nos sentir mais perto de nós mesmos.
Bem vinda à tona novamente...

4:55 da tarde  
Blogger Bastet said...

:) obrigada Barão. É bom voltar à superfície!

10:33 da tarde  

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