quarta-feira, novembro 17, 2004

o tempo

-Por favor, tem horas que me diga?
-Sim, tenho.
-E...?
-E o quê?
-E que horas são?
-Ah, quer saber as horas!
-Sim, eu perguntei-lhe as horas.
-Não, não perguntou.
-Como não perguntei?
-Não, não perguntou.
-Claro que perguntei. Por acaso está a gozar comigo?
-Não.
-Não o quê?
-Não, por acaso não estou a gozar consigo.
-Então?
-Mas então o quê?
-Então, tem horas que me diga?
-Sim. Já lhe disse que sim. O senhor é que deve estar a gozar...
-Como se atreve? Pois se eu só quero saber as horas....
-Então porque não pergunta?
-Olhe vá à merda!
-O senhor está ser incorrecto. O que lhe dá esse direito?
-O senhor! O senhor é que me dá esse direito por que está a gozar comigo desde o início.
-Não. Não estou a gozar consigo já lhe disse...
-Mau... então homem desembuche...
-Mas desembucho o quê?
-As horas, homem! Que horas são?
-Ah! São dez e um quarto. Porquê?
-Porquê o quê?
-Para que quer saber as horas?
-E o que tem o senhor a ver com isso?
-E o senhor para que é que queria saber se eu tinha horas que lhe dissesse?
-Para me dizer...
-Então porque não perguntou logo? Olhe vá à merda!
-O senhor é parvo... está a fazer perder-me tempo. Com isto tudo que horas serão?
-Não sei! Olhe, pergunte!!!

2 Comments:

Blogger Softy Susana said...

Que boa disposição esta com que fiquei depois disto! :)

4:52 da tarde  
Blogger vague said...

Sempre interessante o eterno círculo das perguntas e dos porquês, das lógicas. As crainças são especialistas neste tipo de diálogos que para nós, adultos, podem não ter sentido; sabes q mais? Acho q elas é q detêm a sabedoria, nessa inocência. Muitos de nós apenas crescem por fora - crescer 'por dentro' não significa tb manter intacta uma certa inocência, que não ingenuidade, na visão do mundo, das pessoas?
Beijinho, Bastet

8:39 da tarde  

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