oferenda
Seja este o barco dos sonhos. Que veleje rasgando a noite até se perder na madrugada. Barco de vela desfraldada à bolina na rota da lua. E à lua chegaria de mansinho roubando dois nacos de prata.
E da prata faria presente para pôr aos pés da sua amada. E tomaria a sua mão entre as suas e o seu corpo entre os seus braços como tomava o rumo da lua só para lhe tirar dois pedaços.
Era este o barco dos sonhos feito para assim navegar ao rumo mais luminoso que à noite se pode avistar... Fosse esta a sua noite toda feita a velejar.
E ao barco já punha asas para das águas se apartar quando fosse chegado o momento de a lua poder agarrar. E à lua pediria perdão pela prata que levaria, deixar-lhe-ia o barco em troca que no sonho já partia.
Da vela fizera capa, manto alvo, nobre e belo como príncipe a trajaria à porta do seu castelo. Morada de sonhos nocturnos, asas, barco, lua e mulher por quem dera à noite o destino de prata pura lhe oferecer.
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