o regresso
Voltara à casa que deixara. Ao seu peito. Ao seu espelho. Voltara a ver a sua imagem reflectida no verde forte da rebentação das ondas. E na espuma. A espuma branca que enfeita de pérolas o mar. Trazia as preces na boca e a chave no bolso. O livro. As páginas descrentes de serem lidas pelo fim de tarde, esventradas quase a meio pelo separador de papel. E os apelos esperados. Alguém que lá de longe a queria recordar e não se lembrava de como a esquecera. Que o esquecimento dói até pela lembrança das poucas palavras magoadas. Guardara essas palavras como remédio. Remédio para o amor pressistente. Tomava duas ou três por dia. Das de sabor mais amargo. Daquelas palavras de fuga, palavras de desencanto e desencontro. Era um bom remédio aquele. Dava por si a rebobinar os meses de solidão. A ver no écran do mar daquela tarde quem ali a pusera assim ao vento do mistério e do acaso. Mas dava por si já diferente. Indiferente. Outros olhos, outra luz, outro parto doloroso do qual saíria pelo seu próprio pé. E traçara outros passos como traçaria outros caminhos. E não sabia bem quais. Mas afogara, exterminara do seu peito a apatia. Estava ali ou noutro lugar qualquer. Podia ser à beira rio ou no bulício da cidade. Era esta a sua casa. Fechada há tempo demais. Há dias e noites sem conta. Que as portadas cerradas lhe traziam a dor de outros passados que jurara não repassar. E abria as janelas e dava ar e vento aos panos de cheiros dôces. Secos agora no estendal ao sol. E dava largas à abertura ampla da porta pela qual desfilaria um outro futuro.
Era ali que importava regressar ou ir como pela primeira vez. Ía-se sempre pela primeira vez ainda que quando de regresso... Era sempre a primeira vez. E não havia vezes melhores, só diferentes. E não houvera escolhas, só os escolhos das palavras imerecidas.
Trocara os olhos com outros olhos e outros e mais outros, até trazer a cor aos seus. Trocara as palavras por outros ditos mais suaves e doces. E que importava fossem enganos! Que mais enganos lhe traria o mar quando rebentava fresco nos seus pés? Quantos mais? Poucos sabiam desta ironia. Da graça que tinha a cura pelo desengano, pelo castelo flácido de cartas que o vento fizera desabar. Ainda menos sabiam da frescura do sopro, do arrepio de alegria que lhe dava aquele regresso.
Era ali que importava regressar ou ir como pela primeira vez. Ía-se sempre pela primeira vez ainda que quando de regresso... Era sempre a primeira vez. E não havia vezes melhores, só diferentes. E não houvera escolhas, só os escolhos das palavras imerecidas.
Trocara os olhos com outros olhos e outros e mais outros, até trazer a cor aos seus. Trocara as palavras por outros ditos mais suaves e doces. E que importava fossem enganos! Que mais enganos lhe traria o mar quando rebentava fresco nos seus pés? Quantos mais? Poucos sabiam desta ironia. Da graça que tinha a cura pelo desengano, pelo castelo flácido de cartas que o vento fizera desabar. Ainda menos sabiam da frescura do sopro, do arrepio de alegria que lhe dava aquele regresso.
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