quinta-feira, setembro 02, 2004

promessa

Pela manhã ainda não acordada partia o barco no balanço das ondas. Só mais tarde viria a consciência do calor quando ao porto já chegassem os mais dorminhocos para o despertar da conversa de dois dedos. Correriam as apostas da faina mais os petizes malandrecos espreitando o peixe graúdo quando já se depunham as redes ao descanso e as mãos do trabalho.
Vinham as gaivotas à refeição naquele grito que lembra céu e mar e coragens de aventura, misturando penas com algas do cais. Vinham as mulheres em busca dos companheiros e do conduto para o jantar. Vinha o silêncio depois, interrompido pelos namorados que espreitando a lonjura do mar prometiam lonjura no amor. Pela noite, vinha a briza mais calma e as luzes repetidas na água com a melhor promessa: Como história de cabeceira ou prece de criança outra manhã igual por repetir.