nunca é tarde
No alpendre, sob a luz amarela do candeeiro, Maria relia antigas cartas de amor. Fazia-o com emoção renovada, entre sorrisos e pequenas lágrimas de saudade, conquistando as sucessivas linhas de letras com apetite voraz. Alimento da alma, na vida faminta de emoção, aquelas cartas eram máquina de tempo, transporte às brumas do passado, à jovem que fora, parecia-lhe por vezes há muito tempo e outras apenas há breves dias passados distraída pelas horas e rugas que serena e pausadamente nela se haviam instalado. Na sua face já não se lia o que fora, talvez ainda no seu porte, a altivez em tom de adivinha deixasse traços mais frescos de quem merecera tantas linhas de amor devoto.
Na sua vida sempre fora fácil deixar-se amar. Prendiam-se-lhe as pessoas e as suas emoções como se na sua versatilidade, houvesse traço comum com a humanidade. Todos nela se reviam e ninguém se lhe assemelhava porque, quando cuidavam já lhe serem muito iguais, Maria partira por outro alguém. Ela amara imagens como ninguém nunca antes, belos fantasmas de homens reais, cuja realidade, por teimar em vir ao de cima, desfazia o sonho.
Fazia e refazia o seu lar na constância de amor novo, na expectativa renovada do acerto da sua paixão até ao dia em que, como que por ironia, o destino se lhe virou às avessas perante aquele a quem chamou de príncipe encantado.
Hoje, milénios depois, debaixo daquele alpendre dava balanço a essas emoções, às cartas que guardara e às escolhas que fizera. Lá de dentro, ouviu-se a voz do homem que chamava por si. Já estavam atrasados para a cerimónia. Apesar das rugas e do passar de tantos anos desde o dia em que ele lhe tomara conta do coração, sempre soubera ser este o seu rumo.
Na sua vida sempre fora fácil deixar-se amar. Prendiam-se-lhe as pessoas e as suas emoções como se na sua versatilidade, houvesse traço comum com a humanidade. Todos nela se reviam e ninguém se lhe assemelhava porque, quando cuidavam já lhe serem muito iguais, Maria partira por outro alguém. Ela amara imagens como ninguém nunca antes, belos fantasmas de homens reais, cuja realidade, por teimar em vir ao de cima, desfazia o sonho.
Fazia e refazia o seu lar na constância de amor novo, na expectativa renovada do acerto da sua paixão até ao dia em que, como que por ironia, o destino se lhe virou às avessas perante aquele a quem chamou de príncipe encantado.
Hoje, milénios depois, debaixo daquele alpendre dava balanço a essas emoções, às cartas que guardara e às escolhas que fizera. Lá de dentro, ouviu-se a voz do homem que chamava por si. Já estavam atrasados para a cerimónia. Apesar das rugas e do passar de tantos anos desde o dia em que ele lhe tomara conta do coração, sempre soubera ser este o seu rumo.
3 Comments:
Cada qual tem o seu Karma...
Esse é o teu!
o net pulha
Ainda não estou tão velha como a senhora da história...
Bonito!
Enviar um comentário
<< Home