no reino dos flamingos
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Entre os desatentos, andavam os líricos. Olhavam-nos com graça e complacência porque animavam algumas tardes mais monótonas e emprestavam um colorido especial, pitoresco, ao grupo decisor. Todavia, entre esses líricos, havia por vezes os que questionavam demais, perguntavam demais e nem sequer se entendia ao que andavam...
Quando assim era, juntavam-se todos em torno do mesmo propósito, a bem da dita serenidade chamavam-nos à razão, sim porque existia uma razão comum: a redistribuição entre os mesmos do poder. O pior é que os pobres coitados às vezes não percebiam ou pareciam querer perceber da nobreza do que ali se discutia. Normalmente, tudo se resolvia com uma bicadela nas penas ou com a honra de poderem ter acesso a privar com a cúpula e, quando assim era, tudo estava resolvido. Se acaso insistiam, irredutíveis, nas suas tontas quimeras, eram excluídos da migração que se avizinhava e condenados a errarem sós por lagos menores sem a protecção que vinha da coesão do grupo.
Esta era pois a altura certa. O momento de se calarem os bicos aos chatos e de se prometerem mais altos vôos aos demais. Quando chegasse a próxima estação, elevar-se-iam sempre elegantes pelos ares.
1 Comments:
Ex-ce-len-te-!
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