terça-feira, julho 20, 2004

convite


A medo tiro de mim poucas palavras, as que tenho, escasso pertence. E se algo mais pudesse pedir, pediria então mais palavras que te desse. Pediria palavras postas no teu bolso, na tua boca, entre os lábios, entre os dedos, palavras que as lesses e relesses. Lembrar-te-iam da liberdade partilhada sem receios, manhãs de sol à tua espera, as tardes de recolhimento entre os lençóis e as noites que tardias vão espreitar a madrugada. Palavras em que visses, transparentes, as outras que construo a teu favor. Palavras só palavras que quisesses. Então quando acordasses e te visses, escrito e reescrito de palavras, percebias nelas o convite de quem sem as dizer sempre te aguarda.